Ativistas pressionam Alckmin a acabar com violência e cobram demissões

Grupo que atua contra o genocídio exige instalação de CPI e cobra a dispensa do secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, e do comandante da PM, Roberval Ferreira França

São Paulo – O Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra realiza amanhã (1º) encontro no Sindicato dos Advogados de São Paulo para retomar a Campanha contra o Genocídio, iniciada há dois anos. O grupo, que congrega 30 organizações de direitos humanos, exige a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa sobre a violência policial e cobra a demissão do secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, e do comandante da Polícia Militar de São Paulo, Roberval Ferreira França.

Os movimentos encaminharam um dossiê ao Legislativo paulista com um histórico da violência policial contra jovens, na maioria negros, das periferias paulistas. O advogado da Uneafro Brasil Cleyton Wenceslau explica em entrevista à TVT que as reivindicações não são um pedido exclusivo do comitê, mas uma questão que tem sido pauta de diversas entidades da sociedade. “Esse não é um pedido só do comitê. Várias outras campanhas são feitas nesse sentido e também o Ministério Público Federal acolheu essa proposta, porque a situação não pode continuar como está.”

Wenceslau afirma que o comitê tem pressionado o governo do estado para buscar alternativas e acabar com a violência contra os jovens. “É necessário mudar o perfil de segurança, a postura que se tem diante das abordagens na rua. É preciso mudar a formação e acabar com setores ultrapassados que são herança da ditadura como, por exemplo, a Rota em São Paulo.”

O número de jovens negros mortos nos últimos meses é assustador e aumenta a cada dia. O mapa da violência do Instituto Sangari indica que entre 2001 e 2010, o índice de negros assassinados aumentou 23,4%, enquanto o de brancos caiu 27,5%.

Membro do Círculo Palmarino, entidade nacional que atua contra a violência e a favor de políticas públicas voltadas aos negros, o jovem Juninho questiona a proporcionalidade das ocorrências de violência no estado. “A gente tem um estado de violência, em especial aqui em São Paulo, mas isso também vem acontecendo em outros estados do país. Oitenta e seis policiais foram mortos, mas para cada policial morto, dez civis estão sendo mortos. Há uma política deliberada de grupos de extermínio dentro dos batalhões da Polícia no estado de São Paulo.”

Para Juninho, encerrar o ciclo de violência é uma questão de mudar a visão do estado sobre o problema. “É possível superar esse estado de violência com uma política séria de Estado. E a gente sabe que violência não se combate com mais violência. Se combate com educação, saúde, emprego, saneamento, lazer e cultura”, conclui.

O Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra foi criado em 2009 com o objetivo de reunir denúncias ligadas à violência policial e propor ações em conjunto com movimentos sociais e a sociedade.

 

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