Rota: movimentos querem mudança de cultura, não só de comando

São Paulo — Militantes da área de direitos humanos acreditam que nada deve mudar no comportamento violento dos policiais das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), com a mudança de comando […]

São Paulo — Militantes da área de direitos humanos acreditam que nada deve mudar no comportamento violento dos policiais das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), com a mudança de comando anunciada hoje (27) pelo governo Alckmin. Com a troca, o tenente-coronel Nivaldo César Restivo, que está na corporação desde 1982, com passagem pelo Comando de Operações Especiais e que atualmente dirigia o 4º Batalhão do Choque, passa o ser o novo comandante, assumindo o lugar do tenente-coronel Salvador Madia, que estava no posto desde novembro e vai comandar o batalhão deixado por Restivo.

O advogado da Pastoral Carcerária e membro da rede Dois de Outubro Rodolfo Valente acredita que a troca se deve à proximidade dos 20 anos do massacre do Carandiru, já que Madia participou da invasão ao presídio e responde, junto com outros policiais, por 78 mortes. “O governador está tentando evitar as críticas que virão deste processo dos 20 anos do massacre do Carandiru. Destituir o comandante agora, na semana anterior a uma série de atos e discussões que se darão sobre segurança pública e violência estatal, é um tanto sintomático”, explica Valente.

Quando Madia assumiu o comando da Rota, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi alvo de muitas críticas por parte de organizações de direitos humanos. À época, até o diretor da Anistia Internacional do Brasil, Átila Roque, manifestou sua preocupação com a nomeação, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Para a coordenadora do movimento Mães de Maio e da Rede Nacional de Familiares de Vítimas de Violência Policial Débora Maria da Silva, a troca se define na expressão ‘seis por meia dúzia’, pois não ataca o problema estrutural da violência. “É preciso mudar a cultura da Polícia Militar, acabar com a lógica de extermínio e opressão. Já foram feitas outras trocas e não se mudou o essencial, a policia inclusive tem ficado cada vez mais violenta”, disse Débora.

Em nota, a Polícia Militar de São Paulo informou que “as mudanças são rotineiras”, sendo que foram realizadas promoções e transferências de 122 oficiais superiores, dentre eles, 75 tenentes coronéis, e não só a de Salvador Madia. A nota informa também que estas mudanças decorrem de promoções ocorridas em agosto e que estão sendo publicadas agora. 

Atos

Na próxima semana, os diversos movimentos que compõem a Rede Dois de Outubro realizarão uma série de atos para lembrar o massacre de 111 presos na casa de detenção do Carandiru, em 1992. Entre as ações, estão a marcha do Cordão da Mentira, no dia 29 de setembro; o ato ecumênico na Praça da Sé, centro da capital, no dia 2 de outubro; e a caminhada cultural pela paz e pela liberdade, no Parque da Juventude, onde ficava a casa de detenção, em 6 de outubro.

 

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