Pinheirinho: moradores propõem compra de terrenos ao governo federal

Serão atendidas famílias com renda de R$ 1.600 através do programa Minha Casa Minha Vida. As prestações serão diluídas ao longo de dez anos. Valor vai variar conforme a renda de cada família, não podendo ultrapassar R$ 160 mensais.

Moradores se alojam em igreja após desocupação. Milhares ficaram desabrigados após despejo (Foto: Anderson Barbosa/Folhapress)

São Paulo – A Associação dos Moradores do Pinheirinho se reúne hoje (18) em São José dos Campos (SP) com representantes da Presidência da República e da Caixa Econômica Federal para acertar as compras dos terrenos destinados à construção de casas populares para as famílias que perderam seus imóveis após a invasão da comunidade pela Tropa de Choque no último dia 22 de janeiro. As famílias proporão ao governo federal a compra de dois terrenos próximos ao local onde viviam antes de serem despejadas.

Júlio César Volpp Sierra, superintendente regional da Caixa no Vale do Paraíba, garante que os moradores estão contribuindo para a identificação de áreas onde as residências poderão ser erguidas. “Estamos na expectativa de receber a indicação das áreas para que a nossa engenharia possa avaliar a viabilidade da implementação de empreendimentos nelas”, diz. Volpp Sierra acredita que os resultados das avaliações dos terrenos deve sair entre 20 e 30 dias.

Segundo o superintendente da Caixa, serão atendidas famílias com renda de R$ 1.600 através do programa Minha Casa Minha Vida. As prestações serão diluídas ao longo de dez anos e o valor das parcelas vai variar conforme a renda de cada família, não podendo ultrapassar R$ 160 mensais.

O advogado dos moradores do Pinheirinho, Antônio Donizete Ferreira, o Toninho, explica que na reunião de hoje as lideranças da Associação irão solicitar que a mão de obra utilizada na construção das casas seja recrutada entre os próprios moradores. “É importante porque essa medida facilita a parte de fiscalização das obras, além do fato de que aqueles que trabalharem serão aqueles que irão morar nas casas.”

Outra reivindicação será sobre atividades profissionais dos moradores, que devem ser acomodadas no local das novas residências. “Queremos ter área de lazer mas também queremos oportunidades para as pessoas trabalharem”, diz. Toninho citou exemplos de famílias que trabalham com reciclagem. A necessidade, neste caso, é que haja espaços dedicados a este tipo de atividade próximos às moradias.

Cerca de seis mil famílias ficaram desabrigadas após ação de reintegração de posse que envolveu o efetivo de aproximadamente dois mil policiais militares, em janeiro deste ano, na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo. A violência com que os moradores foram tratados resultou em mais de 700 processos contra o governo estadual. Mesmo com as negociações de terrenos para a construção de moradias em andamento, os moradores tentarão impedir o leilão do terreno e não descartam uma nova ocupação.

Ouça aqui a reportagem de Lúcia Rodrigues. 

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