Grito dos Excluídos pede Estado para os pobres e fim de privilégios

Para organizadores, país precisa cortar as raízes dos problemas causados pelas desigualdades

São Paulo – A 18ª edição do Grito dos Excluídos terá como tema “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!”. O Grito prevê atividade em quase todos os estados (com exceção do Acre) e ocorre tradicionalmente em 7 de Setembro, Dia da Independência. 

Para Ari Alberti, do Serviço Pastoral dos Migrantes e integrante da coordenação nacional do evento, a ideia é contrapor privilégios dados a setores empresarias, como o agronegócio, às necessidades de políticas públicas que garantam direitos básicos e bem-estar à população em geral.

“Temos visto e sentido o Estado se dando bem com o capital, o agronegócio e a agroindústria. Enquanto isso, os direitos sociais são tratados como um favor. Não é isso que queremos”, diz. “A experiência democrática que vivemos hoje está muito fraca. Temos de ampliar isso e a nossa sugestão é que ela seja direta e participativa. O que nos move nessa luta é o projeto popular”, afirma Alberti.

De acordo com Karina Pereira, da secretaria nacional do Grito, diversos seminários preparatórios estão ocorrendo em todo o país. Para ela, exemplos para criticar o modelo atual não faltam. 

“Contra os pobres cada vez mais se acentua um processo de criminalização. Além disso, temos as mudanças no Código Florestal, o extermínio violento da juventude, especialmente nas periferias, a falta de acesso aos bens públicos e a construção de hidrelétricas sem a consulta aos povos”, disse.

As eleições municipais deste ano também estarão entre os temas abordados. Para Alberti, a sucessão de denúncias envolvendo políticos tem afastado o povo da política, com reflexos negativos para a sociedade. “A eleição está dentro de um processo que não podemos ignorar, mas temos a impressão de que a política eleitoral e partidária deixou de ser coisa séria. Precisamos resgatar isso”, disse.

Para Karina, a união de movimentos, pastorais e sindicatos é o que pode ajudar no processo de construção de um novo modelo de governo.

“Em São Paulo, onde está instalada a secretaria nacional do Grito, temos visto ações do prefeito Gilberto Kassab (PSD), que são contrárias ao povo. A forma violenta de remoção da população pobre, dos moradores de rua e como foi tratada a questão da ‘cracolândia’. O Grito serve para denunciar essas práticas seja aqui ou em qualquer outra parte do Brasil”, disse a organizadora.  

Segundo Alberti, é preciso ir além de políticas assistencialistas, que não atacam as raízes dos problemas causados pelas desigualdades sociais. “Cobramos uma política que faça mudanças estruturais e profundas no país”, afirmou. O tema do Grito dos Excluídos deste ano será também tratado na 5ª Semana Social Brasileira, prevista para maio de 2013, em Brasília.

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