Ato cultural na Sé critica atuação de guarda da prefeitura de São Paulo

Atores encenam o cotidiano da população em situação de rua e a violência praticada pela Guarda Civil Metropolitana

São Paulo – A Companhia Teatral Auto-Retrato promove amanhã (26), na Praça da Sé, uma encenação para denunciar a violência da administração Gilberto Kassab (PSD) contra moradores de rua na cidade de São Paulo. O ato cultural, denominado “Deitaço”, ocorrerá no marco zero às 14h. 

Segundo a atriz Marina Tranjan, a companhia pretende representar a maneira como a Guarda Civil Metropolitana trata a questão. “A GCM chega e leva tudo, até mesmo os documentos desses moradores. Isso é de fato um roubo feito explicitamente. As ações que presenciamos e que tiveram em alguns momentos resistência do povo, nos causaram um estranhamento e indagação do que seria o direito humano de permanência no espaço público”, disse.

Para o ator Camilo Schaden, “a gestão atual de Kassab tem cerceado a liberdade dos cidadãos, inclusive nos âmbitos mais desnecessários”. 

Na última quarta-feira (18), reportagem do jornal SBT Brasil, utilizando inclusive vídeos gravados pela companhia Auto-Retrato, mostrou cenas de violência contra moradores de rua e documentos do Ministério Público Federal sobre o assunto. Entre eles estava um contrato entre a Secretaria de Segurança Urbana e a GCM que dizia que esta última “deverá impedir as pessoas em situação de rua ‘acampadas’ ou deitadas nos bancos, jardins ou outros trechos de uso público (…) por todos os meios necessários”. 

Os atos presenciados pelos atores foram gravados e encaminhados para a Defensoria Pública Estadual, inclusive com testemunho dos moradores. “Temos dialogado com um defensor que recebeu nossos vídeos, com as falas dos próprios moradores e no horário da ação da Guarda. Nossa ideia é abrir uma ação pública contra a prefeitura”, afirmou Marina. 

“Acreditamos que essa ação corresponde a uma grave violação aos direitos dos cidadãos anônimos que estavam na praça, que tiveram seus bens confiscados sem qualquer justificativa nem possibilidade de defesa. Tão inquietante quanto isso é a questão que fica: que critérios serviram de fundamento para a escolha das pessoas que tiveram seus bens confiscados?”, indagaram os atores da companhia. 

Sobre as acusações, a GCM respondeu em nota que as agressões são casos isolados e que os desvios de conduta registrados, ainda no ano passado, foram punidos com suspensão e desconto de salário.

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