Violência crescente contra índios resulta de conflitos fundiários, diz antropóloga

São Paulo – O último relatório de violência contra povos originários, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), registrou 60 assassinatos de indígenas em 2010, número igual aos anos de 2008 […]

São Paulo – O último relatório de violência contra povos originários, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), registrou 60 assassinatos de indígenas em 2010, número igual aos anos de 2008 e 2009. Entre os casos de violação dos direitos humanos estão espancamentos, ameaças de mortes e falta de assistência nas áreas de educação e saúde. Para a antropóloga Betty Mindlin, o grande desafio é fazer com que os direitos indígenas sejam defendidos, num momento de intensificação de conflitos fundiários.

Na luta por terra, as grandes obras, o agronegócio e a agricultura extensiva são fatores que afetam as comunidades e a integridade territorial e ambiental das áreas indígenas. Segundo Betty, ressaltando a região amazônica, os apoiadores dessa causa também estão sujeitos a ameaças. “A violência à qual me refiro é principalmente a violência física. Qualquer pessoa que defenda os índios está sujeita a ser assassinada na Amazônia, como jornalistas e cineastas”, afirma.

Dos casos de assassinatos de indígenas no país, 57% ocorrem no estado do Mato Grosso do Sul, afirma relatório. A antropóloga, atuante há cerca de 40 anos na área, relata que ao longo de sua trajetória foi testemunha de muitos casos de mortes, em que os assassinos permanecem impunes.  “Os casos não estão diminuindo e isso é prova de que alguma coisa está errada na condução dos grandes projetos econômicos e ambientais do Brasil”, diz.

 “Numa realidade em que o capitalismo econômico está prevalecendo, conservar as línguas, a cultura, as terras indígenas e os recursos ambientais diante dos grandes projetos econômicos é importante, assim como preservar a ideia de uma forma de ser e de vida artística como a dos indígenas, afetiva e coletiva, com a cidadania brasileira”, afirma.  

Para Betty, a vida e a preservação do mundo ambiental, precisam entrar no cálculo econômico. Segundo ela, é preciso levar em consideração, ao se pensar num país igualitário com a construção de estradas e de hidrelétricas, os efeitos sobre a vida humana.

Ouça a reportagem na Rádio Brasil Atual.

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