Catadores do Jardim Gramacho, que fecha hoje, serão indenizados em R$ 24 milhões

Maior aterro sanitário da América Latina proporcionava renda para 1600 famílias

Cena do documentário Lixo Extraordinário (de Lucy Walker), sobre trabalho do artista plástico Vik Muniz junto a catadores do Jd. Gramacho (Foto: Divulgação)

São Paulo – O Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, o maior da América Latina, será fechado hoje (1º), devido à superlotação e ao risco socioambiental. Catadores que trabalhavam no local serão indenizados pela prefeitura do Rio de Janeiro e os familiares, beneficiados por programas do governo federal.

O fechamento do lixão será apresentado durante a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável), dias 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro, como exemplo da substituição de um local sem tratamento de resíduos por modernos aterros sanitários. Instalado há 36 anos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, chegou a funcionar 24 horas por dia. Até ontem (31), 30% da capacidade estava em funcionamento. Nesse período, 1.603 catadores tiraram o sustento de suas famílias das 9,5 mil toneladas de lixo ali despejadas diariamente.

Segundo o presidente do Conselho do Fórum Estadual de Lixo e Cidadania do Rio de Janeiro, Jorge Pinheiro, estão sendo tomadas medidas para recuperação do local. “A área será tratada. O processo socioambiental já começou, e um plano urbanístico também está sendo feito no bairro.”

Pinheiro afirmou que a prefeitura realizou um consórcio com a Nova Gramacho Energia Ambiental, empresa que captura e comercializa o gás metano do aterro com a Petrobras. Além disso, ele disse que a queima do gás metano no local será transformada, nos próximos anos, em créditos de carbono no mercado internacional.

Os catadores receberão uma indenização da prefeitura do Rio de Janeiro no valor de R$ 23,8 milhões. O Fundo de Participação dos Catadores de Gramacho será pago em cota única e cada trabalhador deve receber R$ 14.864,55. A seleção para receber o beneficio foi feita pelo conselho de catadores, que atualizou as listas de 1996 e 2011.

Em reportagem divulgada na terça-feira (29) pela Agência Brasil, a diretora financeira da Associação de Catadores de Gramacho, Glória Cristina dos Santos, explicou que para repassar o valor da indenização haviam sido abertas 1.480 contas na Caixa Econômica Federal. Os demais catadores iriam realizar a abertura das contas na agência montada no aterro, até hoje.

O valor da indenização será reembolsado pela empresa Novo Gramacho Energia Ambiental SA. O acordo está previsto no contrato de concessão da empresa para explorar o gás metano produzido no aterro. O reembolso será feito em 15 parcelas anuais.

Jorge Pinheiro disse que 7,5 mil toneladas de lixo diárias que eram despejadas no aterro do Jardim Gramacho, agora terão como destino o Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, enquanto outras 2 mil toneladas seguirão para o Aterro Sanitário de Gericinó. Os novos destinos compactam e enterram os resíduos em diversas camadas, “com o caldo que resulta da decomposição dos materiais orgânicos, o chorume, são feitos tratamentos antes de dispensá-lo”, detalhou Pinheiro.

O governo federal e os representantes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis fizeram um pacto para amparar os trabalhadores do Jardim Gramacho. Os catadores serão atendidos por projetos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e pela agricultura familiar. Ao todo, serão construídos na região quatro galpões com esteiras mecânicas, prensas, caminhões e moinhos para beneficiar cerca de 500 trabalhadores que pretendem continuar trabalhando com reciclagem.

Com informações da Agência Brasil

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