Movimento protesta contra ‘assassinato da cidadania’ e falta de políticas públicas

Ativistas criticam truculência da polícia paulista em torno de questões sociais; nova manifestação está programada para quinta-feira, na Assembleia Legislativa

São Paulo – Uma coroa de flores foi “oferecida” hoje (5) à secretária estadual da Justiça de São Paulo, Eloisa de Sousa Arruda. As flores simbolizando a “cidadania assassinada” acompanhavam quatro caixões, colocados diante do prédio da secretaria, no Pátio do Colégio, centro da capital. 

O “funeral”, uma manifestação por ocasião do Dia da Justiça, foi organizado pelo coletivo Luz Livre, que reúne entidades atuantes na defesa dos direitos humanos. O objetivo dos ativistas foi lembrar os recentes episódios de abuso da violência policial em operações na chamada região da “cracolândia” e na reintegração de posse do assentamento Pinheirinho, em São José dos Campos.

“Ofertamos a coroa à procuradora, com dedicatória especial para o governador Geraldo Alckmin e para o prefeito Gilberto Kassab, como lembrança por tantos eventos degradantes que passam despercebidos aos olhos da Justiça”, dizem os movimentos sociais, em nota. Os organizadores acusam prefeitura e governo estadual de praticarem atos higienistas, criminalizar questões sociais e de compensar com truculência policial a ausência de políticas públicas para enfrentá-las.

Nina Laurindo, do Núcleo de Defesa de Direitos Humanos da População de Rua e do Movimento Nacional da População de Rua, vê traços comuns entre todas as operações. “O que teve foi polícia, armas, tiros e bomba. Cadê as políticas públicas?”, questionou.

Em 3 de janeiro, a Polícia Militar começou a Operação Sufoco, na Luz, dispersando os usuários de crack frequentadores da região a pretexto de coibir o tráfico de drogas. Casos de agressão física e uso de armas não-letais foram intensamente noticiados. Apesar de a estrutura para acolhimento e tratamento de usuários não estivesse pronta, a operação teve fôlego até o mês passado, quando prédios na região foram demolidos. Os movimentos sociais enxergam na “higienização” uma operação movida por interesses imobiliários.

“As questões sociais hoje estão sendo tratadas como questão de polícia, é o que chamamos de militarização das questões sociais. É o que estamos tentando discutir e dar visibilidade para que a sociedade entenda o problema”, disse Nina. Um novo protesto está previsto para esta quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

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