Em passeata em SP, mulheres exigem igualdade e respeito às conquistas femininas

Apesar de avanços nos direitos, temas como violência, moradia e diferenças nos salários entre os sexos continuam entre as pendências da sociedade

Ato público organizado pela reuniu mulheres e ativistas no centro de São Paulo (Foto: CC/Jailton Garcia/Seeb-SP)

São Paulo – Em um contexto em que mulheres ocupam cargos importantes em empresas, atuam mais na vida política e ampliam sua emancipação, muitas lacunas ainda precisam ser preenchidas. Foi essa a mensagem dos ativistas de cerca de 100 entidades – entre movimentos sociais, parlamentares, partidos políticos, sindicatos e centrais – que participaram de ato hoje (8), no Dia Internacional da Mulher, no centro de São Paulo, em protesto regado a vaias e críticas à administração paulistana e ao governo estadual. Direito a moradia, licença-maternidade de 180 dias, creches, igualdade salarial são algumas das questões levantadas.

A manifestação se concentrou em frente à Catedral da Sé e partiu para uma pausa diante do prédio do Tribunal de Justiça. “A Justiça atua criminalizando os movimentos. Por isso, estamos aqui. O campo e a cidade têm de cumprir seu papel de pressionar”, frisou Kelly Aparecida, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O protesto lembrou as recentes decisões tomadas pelo TJ envolvendo desocupações de comunidades, como a do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), em janeiro.

Jéssica Silva, ex-moradora da comunidade, é uma das várias mães de família que saíram às pressas de suas casas e agora têm como desafio reconstruir a vida. “Aquilo lá foi um massacre para nós”, afirmou. Sob as janelas do prédio do TJ, ela criticou o suporte judiciário dado para viabilizar a reintegração de posse. “Foi uma mulher, inclusive, que permitiu aquilo. A Márcia Loureiro (juíza da 6ª Vara Cível de SJC)”, ressaltou. Os ativistas ainda esperam que a presidenta Dilma Rousseff se sensibilize com o tema e desaproprie o terreno. “Não basta se indignar, e não basta ser mulher”, disse a ex-moradora.

A marcha seguiu até a Praça da República, na região central. Faixas, palavras de ordem e intervenções culturais pediam também pelo fim da violência doméstica e comemoravam o rigor da Lei Maria da Penha. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em fevereiro pela aceitação da denúncia de agressão pelo Ministério Público mesmo sem denúncia formal da vítima.

A diferença salarial, apesar da melhor formação das mulheres, ainda é visível. No setor bancário, as mulheres ganham em média 24,1% menos do que os homens, segundo levantamento feito com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego. Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, afirma que, apesar dos avanços femininos no setor, é preciso mobilização.

“É muito importante estarmos com outras categorias pela igualdade. Temos o que comemorar. Até pouco tempo atrás, as mulheres não podiam participar de concurso público do Banco do Brasil. Agora, apesar de termos avançado, o salário das mulheres ainda é inferior ao dos homens. Temos de mudar essa realidade”, frisou a dirigente.

Igualdade

Rosane Silva, da Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, afirma que a central foi ouvida no Projeto de Lei Complementar 130/11, aprovado na terça-feira (6) no Senado. O PLC, que segue agora para sanção da presidenta Dilma Rousseff, trata da aplicação de multa às empresas – cinco vezes a diferença salarial no período de serviço – que não respeitarem a igualdade salarial entre homens e mulheres que ocuparem a mesma função.

“A questão da equiparação salarial é um tema estratégico para nós”, disse, reforçando a capacidade política feminina de estar nos espaços de poder. “A nós mulheres sempre foi dado o espaço da casa para cuidar. Temos mostrado com nossa luta que o espaço público também é para as mulheres”, finalizou. A discussão do aumento da participação feminina nos postos de comando da CUT deve ocupar espaço de destaque no congresso que irá renovar a direção da central, em julho.

 

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