Comandante-geral diz que PM nunca saiu nem deixará região da Luz, em São Paulo

Ele considera que a operação está 'dentro da normalidade'. Ministério Público promete apurar casos passados e prevenir agressões

Foi anunciado que haverá a instalação de três postos comunitários da PM até fevereiro nas ruas onde a ação acontece (Foto: Gerardo Lazzari)

São Paulo – O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, afirmou que a ação contra a aglomeração de dependentes de crack na região da Luz, no centro da capital paulista, continuará com o mesmo efetivo e estratégia de repressão ao tráfico. Ele desmentiu informações publicadas na imprensa de que a PM estaria reduzindo a ação e descartou qualquer atrito com a Defensoria Pública. As declarações foram feitas durante entrevista coletiva à imprensa nesta sexta-feira (13), na capital paulista.

“A Polícia Militar nunca saiu da região, e não vai sair”, afirmou o coronel. A eventual diminuição no movimento de pessoas é, segundo ele, um fruto da chamada Operação Sufoco, desencadeada a partir da primeira semana de janeiro. Camilo participou, mais cedo, de reunião com promotores do Ministério Público de São Paulo para prestar esclarecimentos sobre a operação na região, taxada de “cracolândia”.

Um dos resultados da discussão foi o anúncio da instalação de três postos comunitários da PM até fevereiro nas ruas onde a ação acontece. A estratégia seria reforçar a segurança durante as 24 horas do dia. O coronel lembrou que está trabalhando junto com a Polícia Civil, inclusive no repasse de informações.

Um inquérito do MP estadual para apurar as denúncias de agressão na região foi instaurado na última segunda-feira (9), logo após o retorno do recesso judiciário. Segundo Eduardo Valério, promotor de direitos humanos do MP, o alvo das investigações será “o que passou”, especialmente denúncias de abusos e excessos por parte dos agentes de segurança. “Toda ação dos policiais agora será comunicada ao Ministério Público”, disse.

Camilo garantiu que respeitará as exigências. “O MP é um grande parceiro. Vamos agir onde for necessário para apurar qualquer ação que tenha ferido os direitos humanos”, disse. Segundo ele, a orientação é que a operação cause o “menor dano possível”.

A operação, ainda de acordo com o comandante-geral, já estava programada para janeiro em razão de a população flutuante nas ruas ser menor no período. Questionado sobre os motivos por que a medida foi iniciada naquele momento, o coronel afirmou que estava em férias e que tomou conhecimento do início da operação no dia 3.

Para abril, estava previsto o início de ações em conjunto com o plano do governo federal de combate ao crack. Segundo juristas, a decisão de se antecipar mostra resistência por parte do governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e do prefeito da capital, Gilberto Kassab (PSD), em relação à abordagem promovida pelo Ministério da Saúde.

Defensoria Pública

A defensora pública Daniela Skromov afirmou à Rede Brasil Atual, durante visita à região da Luz nesta sexta, que o órgão sofreu “um grande desgate” após reportagem de O Estado de S.Paulo. O texto sugere que a Defensoria Pública seria responsável por um possível afrouxamento na operação. O motivo seria a instalação de posto móvel que reúne dependentes químicos nas calçadas a fim de ouvir denúncias, o que estaria desagradando a PM. A corporação tem atuado para dispersar grupos do local.

A fonte do jornal é o próprio comandante-geral. Questionado, o coronel Camilo garante que o trabalho da Defensoria “é muito bem-vindo” e que a Polícia Militar não atrapalhou em momento algum o trabalho dos defensores no local.

Pela manhã, a rotina de ronda dos policiais seguia o fluxo dos dias anteriores, segundo os próprios defensores. Os agentes de segurança passavam pelo mesmo local a cada quinze minutos. Um dos locais vigiados é o do posto móvel da Defensoria localizado, na rua Barão de Itapetininga.