Em Salvador, Afro XXI aprofunda debate sobre cidadania e luta do povo negro

Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendente reúne até sábado representações governamentais, da sociedade civil e parlamentares de diversos países

São Paulo – A partir desta quarta-feira (16) e até sábado (19), a capital baiana é sede de uma série de atividades que pretendem aprofundar o debate sobre a cidadania e a luta pelos direitos do povo negro, no Encontro Ibero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes, o Afro XXI.

Segundo a organização do evento, o objetivo é promover a reflexão sobre a história e a situação dos afrodescendentes nas regiões participantes – países africanos, ibérico-americanos, sul-americanos e caribenhos –, bem como avaliar os avanços alcançados pelas comunidades negras naquelas regiões e as novas contradições que deles decorrem. O compartilhamento de experiências e a articulação de novas estratégias, políticas públicas e ações para a superação das desigualdades raciais completam a programação.

Os debates acontecem no Centro de Convenções da Bahia, localizado na Praia de Armação. Já a programação cultural terá atrações temáticas nos Largos e Praças do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador. A abertura e o encerramento do evento, além de algumas das principais palestras e debates, estarão disponíveis em tempo real no site do encontro.

Do encontro resultará uma declaração que deverá indicar uma agenda de mobilizações para os próximos anos que promovam a inclusão, sob todos os aspectos, dos milhões de cidadãos e cidadãs afrodescendentes em todo o mundo.

Cooperação

A Afro XXI acontece dez anos depois da dez anos da 3ª Conferência da ONU contra o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, realizada em Durban (África do Sul) em setembro de 2001. A Declaração de Durban – um plano de ação da comunidade internacional para combater o racismo –, apresentou à época uma agenda inovadora e direcionada ao combate de todas as formas de racismo e de discriminação racial.

Dizia o documento que “a despeito dos esforços da comunidade internacional, os principais objetivos de combate ao racismo e à discriminação racial não foram alcançados e que um número incontável de seres humanos continua, até o presente momento, a ser vítima de várias formas de discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata”.

Ao declarar 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescentes, a ONU aponta a importância de fortalecer medidas nacionais e a cooperação – regional e mundial – como forma de garantir acesso pleno dos afrodescendentes aos seus direitos civis, culturais, econômicos, sociais e políticos, bem como sua participação e integração em todos os setores da sociedade e a promoção de um maior conhecimento e respeito da diversidade de sua herança e cultura.

Confira a seguir a programação do encontro.

Mesas-redondas

Dia 16
– Fórum da sociedade civil ibero-americana – organizado por comissão composta por membros do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR).

Dia 17
– Desenvolvimento, democracia e Enfrentamento do racismo e das desigualdades
– Marcos legais anti-racistas e acesso à justiça
– Mulheres negra: avanços e desafios nos processos de inclusão política
– Juventude e garantia de direitos

Dia 18

– Funag – A herança africana no Brasil e Caribe, com palestrantes dos Estados Unidos, Guiana, Granada e St. Vincent and Granadinas
– Censos e estatísticas das desigualdades raciais: da constatação às políticas públicas
– História, memória e construção da autonomia política
– Participação institucional dos afrodescendentes
– Religiões de matriz africana
– Funag – A herança africana no Brasil e Caribe, com palestrantes da Jamaica, St. Cristovão e Nevis, Haiti e Santa Lúcia
– Saúde da população negra: como mudar padrões de morbimortalidade
– Contribuição africana na formação das identidades nacionais e regionais
– Representação afrodescendente no parlamento
– Funag – A herança africana no Brasil e Caribe, com palestrantes da Antígua e Barbuda, Barbados, Trinidad e Tobago, Barramas.
– Educação das relações étnico-raciais e identidades
– Representação da afrodescendência nas artes e literatura
– Migrações e novas diásporas
– Funag – A herança africana no Brasil e Caribe, com palestrantes de St. Cristovão e Nevis, Suriname, Trinidad e Tobago, Brasil
– Comunidades afro-rurais e territorialidade
– Racismo e representação midiática
– Acesso à educação de qualidade

Dia 19

– Reunião de chefes de Estado ibero-americanos, caribenhos e africanos, culminando na leitura da Declaração de Salvador.

Leia também

Últimas notícias