Grupo de Trabalho retoma buscas por restos mortais de desaparecidos no Araguaia

São Paulo – O Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA), criado para localizar, recolher e identificar os restos mortais de desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia, iniciará no domingo (23) […]

São Paulo – O Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA), criado para localizar, recolher e identificar os restos mortais de desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia, iniciará no domingo (23) mais uma expedição, que será a quarta busca desde 2009, quando o grupo foi criado.

O Ministério da Defesa informou que a previsão é de que a nova fase dos trabalhos de investigação pelos corpos de vítimas da ditadura dure até o início de novembro. O grupo, que foi reformulado em maio, é coordenado pelos ministérios da Defesa, da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH), e cabe à secretaria selecionar os parentes de mortos e desaparecidos que irão acompanhar o GTA.

Criméia de Almeida, viúva de André Grabois, morto no Araguaia, informou que, além dela, outras duas familiares de desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia acompanharão o trabalho do grupo: Eliana Piló, irmã de Pedro Alexandrino de Oliveira Filho, e Lorena Moroni, irmã de Jana Moroni Barroso.

Criméia espera que os trabalhos de busca sejam feitos exclusivamente no cemitério de Xambioá, no Tocantins. “Como as informações não são dos militares envolvidos na Guerrilha, o trabalho deverá ser orientado pelas informações que os familiares colheram durante os anos 1980”, conta a viúva de André Grabois. 

Desde o começo, os parentes de vítimas discordam da maneira como os trabalhos são conduzidos. Em 2009, o Grupo de Trabalho Tocantins, como se chamava, era coordenado pelo Ministério da Defesa. O então ministro Nelson Jobim indicou o nome do general Mario Lúcio Alves de Araújo, simpatizante da ditadura, o que foi visto com contrariedade pelo ministro da Secretaria de Direitos Humanos à época, Paulo Vannuchi.

Depois disso, as primeiras expedições de busca não deram resultado por se tratar de uma área muito ampla a ser vistoreada, e por não se contar com a versão dos militares da época, que se negaram a mostrar os locais de sepultamento clandestino. O Ministério Público Federal no Pará entrou com ação cobrando a formatação de uma comissão que contentasse os parentes, além de cobrar o depoimento dos agentes da repressão envolvidos nos fatos. Em maio deste ano foi editada uma portaria interministerial que tirou do âmbito exclusivo do Ministério da Defesa a coordenação do Grupo de Trabalho do Araguaia.

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento político do começo da década de 1970 que surgiu para enfrentar a ditadura militar. Até hoje, dezenas de participantes do movimento estão desaparecidos. Em 2009, a juíza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, Solange Salgado, determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na região.

Em dois anos de atuação do grupo, as ossadas encontradas foram encaminhadas ao Hospital Universitário de Brasília e aguardam perícia do Instituto Médico Legal de Brasília, mas não há previsão de conclusão deste trabalho.

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