Abraço solidário em São Paulo lembra vítimas de violência doméstica

Manifestação diante do Tribunal de Justiça cobra instalação de juizados especiais e rigor na aplicação da Lei Maria da Penha

Um abraço coletivo encerrou o ato e simbolizou a solidariedade às famílias das vítimas (Foto: Paulo Pepe/Sindicato dos Bancários)

São Paulo – Duzentas mulheres participaram do “Abraço Solidário às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica”, diante do Tribunal de Justiça de São Paulo, na Praça da Sé. O ato, realizado no início da tarde de quinta 4, foi para pedir a criação de juizados especializados em violência doméstica e maior rigor na aplicação da Lei Maria da Penha, que em agosto completa cinco anos.

Foram mais de 20 entidades representando movimentos sociais e sindicais. “A Lei Maria da Penha foi uma grande vitória. Mas é preciso ser aplicada. Sair do papel. Faltam juizados especiais, casa abrigo e de passagens e uma rede de atendimento eficaz”, afirma Neiva Maria, diretora e responsável pelo coletivo de gênero do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Durante a manifestação, mulheres contaram suas experiências, cobraram o poder público, cantaram palavras de ordem e ergueram faixas e cartazes com os nomes das vítimas. Também foram usadas bonecas de madeira simbolizando as mulheres violentadas. Vítimas como Joana, Eloá, Cacilda, Sandra, Patrícia, Marias, muitas delas, assim como Maria da Penha, que batizou a lei de combate à violência contra a mulher, foram homenageadas.

No final do ato foi protocolada a entrega de uma carta para o desembargador José Roberto Bedran, presidente do Tribunal de Justiça paulista, com as principais reivindicações. Um grande abraço coletivo encerrou o ato e simbolizou a solidariedade às famílias das vítimas.

> A íntegra da carta entregue para o presidente do Tribunal de Justiça

De acordo com Maria Amélia Teles, mais conhecida como Amelinha, coordenadora das Promotoras Legais Populares e dirigente da União de Mulheres de São Paulo, há apenas um Juizado de Violência Doméstica paulista que, além não ser suficiente para atender à demanda estadual, não está constituído de acordo com a lei. “É um espaço inadequado que atende apenas a questões criminais e não presta os serviços de assistência psicossocial que a lei prevê.”

Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, concordou. “A única porta de saída para a violência doméstica são as delegacias e lá não é um espaço com profissionais treinados para atender esse tipo de ocorrência.” Ela observou que o machismo e alcoolismo são as principais causas para a violência contra as mulheres nos lares. “Em 80% dos casos, a agressão é cometida pelo marido ou namorado, e uma em cada cinco mulheres já foi vítima de algum tipo de violência doméstica.”

Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região