Amazônia Legal concentra 65% dos conflitos agrários no país, diz relatório

Brasília – Relatório divulgado nesta terça-feira (19) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT)  informa que a região da Amazônia Legal concentra 65% dos conflitos agrários no país, com destaque para […]

Brasília – Relatório divulgado nesta terça-feira (19) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT)  informa que a região da Amazônia Legal concentra 65% dos conflitos agrários no país, com destaque para os estados do Maranhão, Pará e Tocantins. Nessas três unidades da federação ocorreram 46,2% dos episódios documentados em 2010.

O número de conflitos pela terra permaneceu estável. As ocupações e acampamentos diminuíram 38% de 2009 para 2010, apesar de 35 novos acampamentos terem sido instalados. Os assassinatos aumentaram 30%, o que representa 34 homicídios relacionados à luta de camponeses.

Conforme o relatório da CPT, no ano passado, o número de famílias despejadas (9.640) foi menor que o de 2009 (12.388). Também caiu o número de famílias expulsas de terras que ocupavam, de 1.884 para 1.216. Mas as ameaças de expulsão aumentaram de 10.423 para 18.625, de um ano para outro, assim como a ação de pistoleiros, de 9.031 para 10.274, um crescimento de 13,8%.

Segundo o documento, os dados mostram que a diminuição das ações dos movimentos sociais foi acompanhada da queda das ações do Poder Judiciário (despejos e ameaças de despejo), “evidenciando a prática de aplicar os rigores da lei aos sem-terra. E “escancaram que o poder privado dos fazendeiros e empresários do agronegócio está sempre atuante e que nada pode deter os interesses do capital”.

A Comissão Pastoral da Terra conclui que “não é por causa da ação dos sem-terra que a violência no campo persiste, como muitos querem, taxando de violentas as ações dos trabalhadores, negando-se a ver a violência sobre a qual se alicerçou todo o processo de ocupação territorial, desde os tempos da Colônia até os dias de hoje”.

A CPT, que é ligada à Igreja Católica, destaca que houve crescimento de conclitos no Nordeste – de 320, em 2009, para 440, em 2010, um aumento de 37,5%. Nas demais regiões, houve queda na ocorrência de conflitos.

Foram registrados 853 conflitos em 2010, ante 854 no ano anterior. As ocupações caíram de 290 para 180. Considerando-se casos de expulsão e ameaças de expulsão de trabalhadores, pistolagem, despejo e ameaças de despejo tiveram um aumento de 21%, passando de 528, em 2009, para 638 em 2010.

Assassinatos

O relatório revela ainda que em 2010 foram registrados no país 34 assassinatos em conflitos no campo. O número é 30% maior do que o de 2009 (26). Segundo os dados da CPT, 30 dos assassinatos ocorreram em conflitos pela terra, dois em disputas pela água e dois estão ligados a questões trabalhistas.

O relatório Conflitos no Campo Brasil 2010 mostra que o maior número de mortes ocorreu na Região Norte (21). Em seguida vêm o Nordeste, com 12, e o Sudeste, com um. O Pará é o estado com o maior registro de assassinatos, com 18, número 100% maior do que em 2009.

Clique aqui para acessar a íntegra do relatório.

Fonte: Agência Brasil

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