Brasileiros no exterior organizam Conferência Nacional de Migração

Rio de Janeiro – Depois de garantir a criação do Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior (CRBE), com membros eleitos, os brasileiros que vivem no exterior articulam uma conferência […]

Rio de Janeiro – Depois de garantir a criação do Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior (CRBE), com membros eleitos, os brasileiros que vivem no exterior articulam uma conferência setorial. O evento teria moldes semelhantes aos realizados sobre Cultura, Comunicação e Meio Ambiente, entre outras, e contribuiria para melhorar o grau de representação no conselho.

O órgão foi criado neste ano e a votação de seus integrantes ocorreu pela internet. O canal institucional de representação junto ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) vem sendo negociada desde 2008, o que envolveu três edições do evento “Brasileiros no Mundo”. O CRBE deve voltar-se a relação entre o governo brasileiro e os emigrantes.

Alguns setores criticaram o processo de eleição dos conselheiros. A avaliação é de que o uso da internet cria impedimentos para garantir a participação. A Conferência Nacional das Migrações poderia ser realizada já em 2011 se depender dos articuladores. Entre os setores que lutam por essa alternativa estão grupos articulados junto ao PT e a CUT em diversos países.

Presidente do CRBE e representante da comunidade brasileira no Japão, Carlos Shinoda demonstrou animação com o atual momento político: “Somos uma extensão do Brasil e há muito tempo lutamos por um canal mais direto onde nós pudéssemos manifestar os nossos anseios e um pouco dos nossos sonhos, mas, principalmente, onde pudéssemos manifestar nossas demandas e necessidades em relação à educação, à saúde e à cultura. E também – por que não? – mostrar às pessoas no Brasil nossas experiências positivas acumuladas, sobretudo, ao longo dos últimos 20 anos. O sentimento de querer fazer as coisas pelo Brasil é muito forte em quem mora distante do país”.

“É claro que ainda existem muitos problemas a serem resolvidos, mas o fato de termos o Conselho é algo notável”, comemorou o chanceler Celso Amorim. “Temos, pela primeira vez, um colegiado de cidadãos brasileiros no exterior, eleitos, que podem trazer diretamente as suas reivindicações. Não se trata de um processo de cooptação, mas sim de um processo de representatividade”, disse.

A menção à ideia de cooptação é uma resposta do ministro a uma das críticas em relação aos rumos que a discussão tomou. A necessidade de haver canais de diálogo era defendida pelos brasileiros no exterior, mas alguns grupos viram no fato de ser um órgão oficial um risco de haver limitações. Amorim, descarta a possibilidade. “É uma prova do nosso avanço e uma forma de o governo assumir para si, sem paternalismo, a responsabilidade de, com capacidade de escutar, saber tratar dos nossos compatriotas que vivem fora do Brasil”, disse.

Estima-se que de três a quatro milhões de brasileiros morem fora do país. Direitos ligados à Previdência Social e à assistência social acabavam não sendo garantidos a muitos deles, que se consideravam desamparados pelas embaixadas e pelos consulados. O CRBE tende a permitir a apresentação de demandas coletivas diretamente a ministérios.

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