Gritos dos Excluídos reivindica uma ‘nova independência’

Manifestações em São Paulo e Brasília pede educação, acesso a moradia e distribuição de terras

Em Recife, manifestação do Grito dos Excluídos percorreu várias ruas do centro até o Pátio do Carmo (Foto: Antônio Carneiro/Folhapress)

São Paulo – A edição deste ano do Grito dos Excluídos defendeu uma “nova independência” para o país, passando pela distribuição de terra e limite de propriedades rurais. Mas também questões relacionadas às cidades também foram lembradas. Manifestantes ligados às pastorais sociais da Igreja Católica, movimentos sociais e a sindicatos também reivindicaram ações dos governos (federal, estadual e municipal) para os vários problemas da população, como acesso a moradia, regularização e urbanização das favelas, preservação do meio ambiente, acesso a cultura e lazer, além de políticas contra lixões e pedágios, entre outros.

 

A 16ª edição, em Brasília reuniu cerca de mil pessoas, que participaram da passeata paralela ao desfile da Independência, na Esplanada dos Ministérios. “Os empresários têm muita terra, o governo também e vai tudo para as empresas”, disse o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Edson Francisco da Silva.

 

Em São Paulo (sua 13ª edição), a chuva não impediu uma romaria da Praça da Sé até o Monumento da Independência, no Ipiranga, que teve como tema este ano “Onde Estão os Nossos Direitos? Vamos às Ruas Para Construir um Projeto Popular”. Pouco mais de uma centena de pessoas andaram pelos seis quilômetros de distância. Antes, participaram de uma missa na Cadetral da Sé.

 

“Precisamos de um novo grito de independência. E uma das principais reivindicações do Grito neste ano é o estabelecimento de um limite de tamanho para as propriedades rurais. Por isso, apoiamos o plebiscito sobre o tema”, disse o coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo, Paulo César Pedrini.

 

Por que caminham estes homens e mulheres ?

Confira a carta divulgada por integrantes da igreja católica da Região Episcopal Brasilândia, da Arquidiocese de São Paulo e da Diocese de Santo André.

 “Nós caminhamos em romaria porque sonhamos com a vida respeitada, com a terra e o pão partilhados, nossas crianças na escola, acesso digno ao trabalho, saúde, lazer… “O melhor jeito de sonhar é de olhos abertos”. De fato, sonhar de olhos abertos quer dizer que estamos projetando alguma coisa boa para nós, para nosso futuro, também para outras pessoas e situações. Sonhar é visualizar hoje o que queremos que se torne uma realidade, amanhã. E quem não sonha? É próprio da pessoa humana, querer progredir, estar bem, ir melhorando sempre. Foi Deus que colocou em nosso coração este desejo. Deus também tem um sonho para nós. Com certeza ele quer ver seus filhos e filhas com muita saúde, prosperidade, com vida em abundância que Jesus mesmo veio trazer. 

Muitas pessoas usam a palavra utopia no lugar de sonho. É a mesma coisa. Por causa deste sonho Deus criou o universo. Por causa deste sonho ele quer a paz em todo o mundo, o desenvolvimento, o respeito pela ecologia, a fraternidade entre os povos e as religiões, nossas comunidades com espírito de ajuda, de luta e de amor. Como disse D. Pedro Casaldáliga: “Nosso Deus tem um Sonho e Nós também.”

Nas nossas caminhadas, Brasilândia e Santo André caminham e sonham por: trabalho, saúde, na luta por terra, moradia, regularização e urbanização das favelas, contra a violência e morte do povo e da juventude, na preservação do meio ambiente, contra os lixões, contra os pedágios, ao acesso de estruturas de Lazer & Cultura, entre outras lutas.

 

Com informações da Agência Brasil