Dobra número de ligações para a Central de Atendimento à Mulher

A biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, homenageada pela ministra Nilcéia Freire (Foto: Renato Araújo/ABr) Brasília – A Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) registrou mais de 343 mil […]

A biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, homenageada pela ministra Nilcéia Freire (Foto: Renato Araújo/ABr)

Brasília – A Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) registrou mais de 343 mil chamadas de janeiro a junho deste ano. O número é 112% acima do registrado no mesmo período do ano passado (161 mil casos).

O Ligue 180 é um serviço da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). No primeiro semestre deste ano, segundo a SPM, o Ligue 180 registrou 62 mil relatos de violência. Entre eles, violência física (36 mil ocorrências); violência psicológica (16 mil casos); violência moral (7,5 mil relatos); violência sexual (1.280 ocorrências); violência patrimonial (826 casos); cárcere privado (239 relatos) e situações de tráfico (229 ocorrências).

A SPM assinala que nos seis primeiros meses deste ano foram verificados 8,9 mil casos de ameaças. “Não se pode subestimar as ameaças. Por isso, configuramos como um indicador extremamente importante de risco. Os homens violentos, os agressores, não estão brincando quando ameaçam as mulheres. São crimes anunciados e que, portanto, não podem ser subestimados”, alertou a ministra Nilcéa Freire, secretária de Política para as Mulheres.

Mais de 67% das mulheres que ligam para a central têm entre 25 e 50 anos. Em 72% dos casos de violência, as mulheres relataram que vivem com o agressor – 38% das mulheres informaram que vivem com o agressor há mais de dez anos. Em mais da metade dos casos, as mulheres dizem correr risco de morte e 57% relatam agressões diárias.

Quase 70% das mulheres que fizeram denúncia no Ligue 180 afirmaram não depender economicamente do agressor e 68,1% informaram que os filhos presenciaram a violência (16,2% sofreram agressões junto com a mãe).

Quanto ao perfil dos agressores, a SPM informa que 73,4% são homens entre 20 e 45 anos; e 55,3% têm o ensino fundamental como escolaridade.

De acordo com os dados, o Distrito Federal (DF) lidera o ranking de atendimentos, com 267 ocorrências para cada 50 mil mulheres. O DF é seguido por Tocantins (245 casos) e Pará (237 casos). A ministra avalia que Brasília e o Entorno têm “índices preocupantes”, mas também atribui a “relação de vizinhança” a maior procura pelo serviço.

Em termos absolutos, São Paulo (47 mil atendimentos); Bahia (32 mil) e Rio de Janeiro (25 mil) concentram o maior número de chamadas. A quantidade de atendimentos não indica necessariamente o número real de casos de violência contra as mulheres, mas mostra que a central “passou a ser mais conhecida” e a “sociedade está mais consciente”, disse Nilcéa Freire.

O Ligue 180 não serve apenas para registrar denúncias de violência contra mulher, enfatizou a ministra; mas também registra reclamações quanto aos serviços prestados pelo Estado, por exemplo, nas delegacias e postos especializados de atendimento à mulher. Segundo a SPM, 50% das chamadas para informações (do total de 67 mil) foram feitas para esclarecimento sobre a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006).

Em todo o Brasil, existem 782 serviços especializados de atendimento às mulheres: 463 delegacias ou postos policiais especializados; 83 juizados especiais; 70 casas abrigo; e 167 centros de referência (assistência social, psicologia e jurídica).

A ministra Nilcéa Freire participou na tarde da terça-feira (03), em Brasília, da entrega do Prêmio Boas Práticas na Aplicação, Divulgação e Implementação da Lei Maria da Penha