Prêmio dos metalúrgicos do ABC por luta contra injustiças será entregue nesta quarta
Indicados são ativista LGBT, defensor dos direitos humanos e colaborador da Revista do Brasil; Cerimônia marca também aniversário de 51 anos do sindicato do ABC paulista
Publicado 11/05/2010 - 18h32
Joao Ferrador, criado em 1972, teve papel importante em protestos relacionados ao custo de vida da população (Foto: Reprodução)
São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC promove nesta quarta-feira (12) a entrega da segunda edição do Prêmio João Ferrador. De acordo com a entidade, a homenagem “é uma forma de reconhecer o trabalho de pessoas que contribuem para tornar o Brasil um país justo e mais igual”.
Para a principal categoria, na qual em 2009 foi premiado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a comissão organizadora escolheu três nomes. O jornalista Bernardo Kucinski, colaborador da Revista do Brasil, foi assessor da Presidência da República durante o primeiro mandato de Lula (2003 – 2007) e é professor aposentado da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Ivan Seixas, preso durante o regime militar, atualmente preside o Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana São Paulo e é membro da Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos. O mais novo dos indicados, Lula Ramires, de 44 anos, é coordenador do Corsa – Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor, uma ONG que desde 1995 milita na causa LGBT.
Entre as entidades, concorrem a Sempre Viva Organização Feminina (SOF), o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial e o Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas).
Histórico
O personagem João Ferrador apareceu pela primeira na edição número 9 da Tribuna Metalúrgica, em março de 1972. Na ocasião, ocupou um espaço de editorial no qual protestava contra o custo de vida – o tom de protesto passaria a ser a marca do personagem criado pelo cartunista Hélio Vargas e redesenhado pelo ilustrador Laerte.
João Ferrador foi usado para driblar a censura da ditadura militar à imprensa. Seus bilhetes, sempre dirigidos ao alto escalão do governo militar, foram publicados por oito anos até 1980 como forma de denunciar as condições de vida e a exploração do trabalho. Em maio de 2003, o presidente Lula recebeu dos metalúrgicos uma escultura em madeira do João Ferrador que, ao contrário do mau-humor que o personagem exibia nas charges, estava sorrindo.
Aniversário de 51 anos do SMABC
Entrega do Prêmio João Ferrador
Data: 12 de maio (quarta-feira)
Horário: 18 horas
Local: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 3° andar, auditório
Endereço: Rua João Basso, 231, 3° andar, Centro, São Bernardo do Campo
Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos
Idealizado pelo jornalista Antonio Carlos Félix Nunes, o personagem João Ferrador apareceu em 1972 ilustrando e ”assinando“ uma coluna no jornal Tribuna Metalúrgica. Ganhou forma e personalidade nos traços dos cartunistas Otávio, Laerte, Vargas e Cleiton e tornou-se figura popular entre os militantes de esquerda do ABC, que fizeram moda com a camiseta do jovem operário dizendo ”hoje eu não tô bom“. A expressão simbolizava reação ao clima de arrocho salarial, carestia e repressão. João foi ícone de uma estratégia de comunicação de popularização do sindicato e de resistência à ditadura. ”É o símbolo da nossa consciência e da nossa dignidade“, escreveu o então presidente do sindicato, Luiz Inácio da Silva, no prefácio da coletânea Bilhetes do João Ferrador, lançada em 1980.