Ato com 3 mil encerra Marcha Mundial das mulheres em São Paulo

Manifestantes cobram legalização do aborto ao mesmo tempo em que se posicionam contra neoliberalismo, homofobia e violência contra mulher

De roxo, cor do movimento de mulheres, participantes da marcha se mobilizam por direitos (Foto: Gerardo Lazzari)

São Paulo – Pelo menos três mil pessoas de todos os estados do Brasil participaram do encerramento da marcha de mulheres em São Paulo (SP). Sob o lema “Seguiremos em Marcha até que Todas Sejamos Livres”, as manifestantes iniciaram a caminhada no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em Campinas.

Na tarde desta quinta-feira (18), as mulheres deixaram a cidade de Osasco, depois de já terem passado por oito cidades e percorrido 116 quilômetros, e seguiram para a capital paulista em trem reservado até a Estação Barra Funda – foi o único trecho em que elas não fizeram o trajeto a pé.

“É muito bonito ver as mulheres se organizando e debatendo diversos assuntos. É emocionante participar desta marcha, nós que já estamos há muito tempo engajados na luta por uma sociedade mais feliz”, afirma Juvândia Moreira, secretária geral do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região.

Na Barra Funda, foram recebidas com apitaço e aplaudidas por centenas de mulheres que se juntaram ao movimento e saíram em caminhada até o Estádio do Pacaembu.

(Foto: Gerardo Lazzari)

“Lutamos pelo aumento do salário mínimo, pela construção de creches públicas de qualidade, pela legalização do aborto. São demandas que se chocam com os valores da sociedade patriarcal, racista e capitalista na qual vivemos. Por isso nossa batalha é árdua, é transformadora, já que o neoliberalismo na década de 1990 conquistou corações e mentes”, analisou Vera Soares, militante da Marcha e do campo da economia solidária.

A intenção das mulheres é manifestada no documento intitulado Plataforma de Ação, no qual se somam as lutas contra o capitalismo, a homofobia, a privatização e a violência contra a mulher. Elas também reivindicam a legalização do aborto e a redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

“As mulheres souberam aproveitar bem esse momento para se fortalecerem. A partir daí, ganhou visibilidade o projeto de integração dos povos latino-americanos”, relatou Nalu Farias, da coordenação da Marcha e da Sempreviva Organização Feminista (SOF), que lembrou que nasceram na América Latina movimentos pela soberania alimentar e pelo bem viver, que se somam à luta contra o neoliberalismo.

A eleição de governos de esquerda, ao mesmo tempo em que significou avanços, resultou em novos desafios. Algumas manifestantes destacaram a necessidade de resistir aos riscos de cooptação de movimentos sociais e que muitos desses coletivos têm sofrido divisões devido a essa discussão sobre integrar ou não o Estado.

“A manifestação é a prova de que o feminino não está morto. Está muito vivo. E as mulheres precisam somar suas forças. Acredito que saindo daqui vamos estar muito mais fortalecidas para a luta das mulheres”, disse Carmen Foro, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), que ressaltou que uma das principais lutas das brasileiras hoje é com relação à questão da violência.

As mulheres que participavam da marcha vestiam camisetas roxas, cor que simboliza o feminismo. A marcha encerrada nesta quinta é seguida por uma agenda de mobilização que culmina no envio de uma delegação brasileira à República Democrática do Congo. A nação africana sedia, na primeira quinzena de outubro, uma série de debates sobre a condição atual da mulher.

Com informações da Agência Brasil

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