Uso de ‘pulseiras do sexo’ exige diálogo, aconselha psicóloga

Polêmica sobre pulseiras coloridas chegou a escolas e famílias. Problema deve ser vencido com diálogo com crianças e adolescentes, acredita especialista

Pulseiras viraram mania entre crianças e adolescentes. Elas estão entre os itens mais vendidos no comércio popular (Foto: Rede Brasil Atual)

Coloridas e brilhantes, as pulseirinhas de silicone viraram febre nos braços de crianças e adolescentes brasileiros e recentemente também se transformaram em motivo de preocupação para  pais e educadores. A brincadeira de trocar pulseiras teria ganhado novo sentido, inspirada em um jogo comum nos Estados Unidos e Inglaterra, chamado snap. Cada cor teria um significado, desde um abraço até relações sexuais. O garoto ou rapaz que tirar o adereço da moça, teria direito ao que a cor significa.

Uma pesquisa realizada pela reportagem da Rede Brasil Atual na Rua 25 de Março, principal centro de compras populares de São Paulo, revelou que entre os itens mais vendidos neste fim de ano estão as pulseiras coloridas, que já ganharam o nome de “pulseiras do sexo”.

“Vendemos muito. É barato, aí os pais e a criançada compram muito”, admitiu o vendedor ambulante Raimundo Batista. Questionado pela reportagem se ele sabia da brincadeira de significados e troca de experiências sexuais, ele respondeu que sim. “É uma moda da ‘Malhação’, não é?”.

A aposentada Gilda Moraes, que fazia compras no local, desistiu de levar as bijuterias para a neta quando soube das brincadeiras associadas às pulseirinhas. “Eu não sabia dessa história. Vou conversar com a minha netinha, mas não vou levar não”, afirma.

Gilmar Oliveira, vendedor autônomo, comprou vários conjuntos para a filha a R$ 1 cada. “Minha filha tem 13 anos e adora essas pulseirinhas coloridas. Agora, vou pedir que ela evite”, conta.

A psicóloga Márcia Maria Matos, em entrevista à Rede Brasil Atual, considera que não há motivo para exageros e proibições, mas é preciso conversar com as crianças e adolescentes sobre o assunto. “Para cada idade é preciso dialogar de uma forma”, adverte.

Código das cores

Saiba o que cada cor significa:

> Amarela – abraço

> Rosa – mostrar o peito

> Laranja – dentadinha de amor

> Roxa – beijo com a língua, talvez sexo

> Vermelha – dança erótica

> Verde – chupões no pescoço

> Branca – a menina escolhe o que quer

> Azul – sexo oral a ser praticado pela menina

> Preta – fazer sexo com quem arrancar a pulseira

> Dourado – fazer todos os citados acima

Márcia sugere que os pais conversem com as crianças pequenas, alertando de forma geral para tomarem cuidado com brincadeiras ou conversas com adultos. “Não só no caso das pulseiras, mas sempre os pais devem estar perto dos filhos e pedir que eles contem tudo, que evitem brincadeiras ou conversas com desconhecidos”.

Entretanto, os pais devem evitar falar de sexo com crianças pequenas para não adiantar uma fase que ainda não chegou para elas. “Você não pode adiantar uma coisa que ainda não é curiosidade da criança. Tem de brotar da criança essa curiosidade sobre o assunto. O pai e a mãe não sentam a criança e dizem: ‘hoje eu vou falar sobre sexo com você’.”

Para a administradora de empresas, Maria Áurea, mãe de seis filhos e cinco netos, não há problemas com as pulseiras, mesmo que haja conotação sexual no uso delas. “Acho que as crianças não vão entender, nem correr risco. Os jovens, se quiserem entrar na brincadeira, vão se divertir”.

De acordo com a psicóloga Márcia, quem quiser usar as pulseiras como jogo sexual, tem de ter consciência do que é sexo, de como se proteger e das consequências. “Sexo é coisa de adulto. É preciso maturidade e responsabilidade, até mesmo para viver o sexo com naturalidade, como algo bom”.

Para adolescentes e familiares, ela aconselha: “adolescentes de 13 a 15 anos são muito jovens para o sexo. Nessa idade é preciso ter um cuidado maior em relação às pulseiras e qualquer brincadeira do gênero. É melhor não se expor, evitando por exemplo a pulseirinha dourada que é a mais comprometedora”.

Segundo a especialista, é importante tomar cuidado, mas não é preciso deixar de usar. “Poucas pessoas no Brasil estão usando as pulseiras como jogo. Então, se eu quero usar e não estou jogando, eu devo avisar se for abordada. ‘Isso é para enfeitar. Eu não estou no jogo’. Não precisa deixar de usar por conta disso”, avalia.

Na região da 25 de março, a reportagem encontrou a atendente Érica, de 24 anos, usando várias cores da bijuteria polêmica. “Ganhei de um amigo e acho legal, é colorida, divertida. Não tem nada a ver com beijar nem ficar com ninguém”, adianta.

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