ONU lança campanha contra estigma e preconceito no Brasil

Na semana em que se celebra o Dia da Consciência Negra, agências das Nações Unidas lembram que discriminação atrapalha inclusive prevenção e diagnóstico da Aids

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou nesta segunda-feira (16) a campanha “Igual a você”, que visa combater os diversos preconceitos que atingem setores da sociedade brasileira. A ideia é combater estigmas contra a população negra, profissionais do sexo, refugiados, pessoas vivendo com HIV, lésbicas, gays, transexuais e travestis. Para isso, foram articuladas várias agências da ONU, como Unaids, programa sobre HIV e Aids, Unesco, de cultura e educação, e Acnur, que trata da questão dos refugiados.

O eixo central é o lançamento de dez vídeos de 30 segundos cada um tratando dos temas da diversidade e da igualdade. As produções serão exibidas em emissoras públicas e naquelas que se disponham a passar as imagens sem custos. Além disso, há produções voltadas à exibição em escolas, uma forma de incentivar o debate dentro de sala de aula.

No geral, a avaliação da ONU é de que o Brasil avançou nos últimos anos na proteção de direitos humanos, com a criação de secretarias específicas e programas de distribuição de renda. Mas o preconceito está evidente nos salários e na distribuição de cargos, por exemplo.

“A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos (Navi Pillay) notou que, durante a viagem recente dela, não encontrou população negra presente entre as altas autoridades, mesmo na Bahia, em que dois terços são negros. Na prática, a gente verifica uma situação adversa”, afirma Pedro Chequer, coordenador do Unaids no Brasil.

Nesta semana, em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, dados preocupantes continuam rondando a questão. Trabalhadores negros ganham menos que os brancos para exercerem a mesma função, e a situação é ainda pior no caso das mulheres.

Menos negros têm acesso ao ensino médio e, com isso, reduzem-se as chances de uma forte entrada de afrodescendentes nas universidades. Daí vêm outras consequências, como salários mais baixos e menos oportunidades de trabalho.

“Não vamos poder alcançar o acesso universal ao tratamento, à prevenção e ao diagnóstico da Aids se não tivermos equidade, igualdade, o respeito ao diverso. A população que se sente constrangida a declarar sua condição evita o serviço de saúde, não recebe o diagnóstico adequado. Ou seja, é um obstáculo importante o estigma”, afirma Pedro Chequer.

Assista:

Populacao negra – campanha Igual a você – contra o estigma e o preconceito no Brasil

 

Transexuais e Travestis – campanha Igual a você – contra o estigma e o preconceito no Brasil

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