Mantendo ritmo, Brasil reduz pobreza em 40% até 2014

Pesquisa da FGV aponta desenvolvimento das capitais brasileiras ao longo dos três últimos mandatos de prefeitos e coloca desafios especiais para o Rio de Janeiro

Caraúbas do Piauí, uma das 20 cidades mais pobres do Brasil, recebe programa da Caixa para tentar alcançar as metas do milênio (Foto: Valter Campanato. Agência Brasil)

A Fundação Getúlio Vargas lançou um amplo estudo sobre os indicadores sociais das capitais brasileiras motivado pela escolha do Rio de Janeiro como sede olímpica de 2016. “Performance social das 27 capitais brasileiras entre mandatos de prefeitos” toma em conta que os mandatos de prefeitos correspondem exatamente ao ciclo olímpico, com eleições nos anos da competição.

Por isso, a FGV analisa os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) para cada uma das capitais no que diz respeito à evolução dos principais indicadores ao longo dos três últimos mandatos municipais, fazendo menção especial àquilo que o Rio precisa melhorar como cidade que receberá muitos investimentos por conta, especialmente, dos Jogos Olímpicos.

Marcelo Neri, coordenador do trabalho, explica que se trata muito mais de fazer uma provocação para que, separadas, as cidades vejam em que pontos precisam melhorar. Alguns dos índices, como desigualdade social, são muito mais afetados por políticas nacionais que locais. Outros, como frequência escolar, no entanto, dependem de incentivos municipais.

Ainda que exista uma linha média de melhora entre as cidades, há aquelas que se destacam, como Palmas, que avançou fortemente na questão da escolaridade entre 1996 e 2008. No segundo mandato analisado (2001 a 2004), várias cidades foram afetadas pela recessão que atingiu o Brasil durante a crise dos Tigres Asiáticos e a caída argentina.

De lá para cá, praticamente todas apresentaram melhoras. Para Marcelo Neri, a década atual é, até aqui, de redução das desigualdades, embora as disparidades entre ricos e pobres estejam longe de ter fim. Além disso, continua havendo um abismo entre os indicadores sociais nas regiões Sul e Sudeste, mais marcadamente a primeira, e o Norte e o Nordeste.

Mas há uma melhora gradativa no que diz respeito aos índices de pobreza nas capitais historicamente mais pobres. No geral, os últimos quatro anos registraram recuo de 30% em relação aos quatro anteriores em todo o país, com 17,64% nas capitais. Em Vitória, entre o primeiro mandato e o terceiro mandato analisados, a queda foi de 58,09%.

O professor Marcelo Neri aponta que, de fato, o terceiro mandato registrou a melhora de alguns indicadores em que houve forte recuo no período anterior. Mas o avanço nem sempre foi o suficiente para recuperar as conquistas vistas na última parte da década de 90. No caso de São Paulo, por exemplo, o nível de pobreza ainda é mais alto na atualidade que em 1997, bem como a renda domiciliar per capita.

Mas há motivo para otimismo. A FGV aponta que o período 2004-2008 levou o Brasil rapidamente a novos patamares. “Se a queda de desigualdade vista nos últimos sete anos acontecer nos próximos cinco, e além disso o Brasil crescer a renda per capita na casa de 4% ao ano, a pobreza pode cair 43% nesse período”, afirma Marcelo Neri. Seria o suficiente para repetir o resultado dos últimos cinco anos e avançar, no espaço de uma década, em quase a metade das metas do milênio da ONU para o setor.

Para alcançar o feito, o estudo defende a melhoria de acesso das classes baixas ao crédito, mudanças no Bolsa Família para incentivar políticas mais permanentes, e realização de um PAC na área de educação.

O Rio de Janeiro, que também vai receber jogos da Copa do Mundo e depois as Olimpíadas, tem uma chance especial, na avaliação da pesquisa. Além do interesse global pelos eventos, há a evidente ansiedade local pelo tão sonhado legado olímpico – deixado em Barcelona, por exemplo.

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