Tecnologia móvel é usada para mapear comunidades carentes do Rio de Janeiro

Jovens moradores da cidade vão usar celulares ligados à internet para georreferenciamento de áreas de interesse público

Rio de Janeiro – Vistas do alto, elas geralmente parecem um borrão espremido no meio da mata, mas para os moradores, acostumados a percorrer ruas, vielas e becos, as favelas têm características que vão além do aglomerado humano, que ocupa, principalmente, as encostas dos morros cariocas.

Para tornar mais visível à sociedade os locais de interesse público dessas comunidades, o projeto Wikimapa está fazendo o mapeamento virtual de espaços como hospitais, escolas, estabelecimentos comerciais, organizações não governamentais, praças, instituições culturais, entre outros.

Todos esses serviços, presentes no dia a dia da comunidade, poderão ser encontrados em mapas na internet. O Wikimapa utiliza recursos da tecnologia móvel, de GPS (sigla em inglês para Global Positioning System) e os serviços do Google Maps.

De acordo com Patrícia Azevedo, coordenadora do programa Rede Jovem, responsável pelo projeto, a iniciativa é promovida em parceria com os próprios moradores. Para isso, foram escolhidos cinco estudantes de cada comunidade que integra esta primeira fase: Complexo do Alemão, Cidade de Deus, Morro do Pavão-Pavãozinho, Morro Santa Marta e Complexo da Maré.

Munidos de celular equipado com o aplicativo do Wikimapa, GPS, internet e câmeras de foto e vídeo, cada um dos moradores que leva o equipamento é responsável pelo mapeamento local, inserindo informações sobre serviços oferecidos e locais de frequência pública, com dados históricos e fotos.

Para estimular a participação do grupo, os cinco selecionados concorrem em uma gincana. Até o fim deste ano, quem tiver conseguido incluir o maior número de itens e com melhor qualidade de informação será contemplado com uma bolsa de estudos para um curso superior de comunicação.

“Observando os mapas virtuais existentes, verificamos que muitos detalhes das comunidades carentes ficavam de fora. Há ruas, por exemplo, que são bastante comuns, conhecidas e utilizadas pelos moradores, mas não têm qualquer cadastro na prefeitura e não são identificadas nos mapas. Com esse novo olhar sobre as comunidades, nosso objetivo é reduzir a exclusão e a segregação em que elas vivem, fortalecendo as referências locais”, explicou.

A estudante Rafaela Gonçalves da Silva, de 22 anos, moradora da comunidade Dona Marta, na zona sul do Rio, conta que, desde que começou a participar do projeto, procura conhecer os locais que vai cadastrar, conversa com os responsáveis para obter informações precisas e as inclui no mapa virtual, com fotos e referências.

“É uma oportunidade que temos de mostrar para o mundo que na nossa comunidade existem muitas coisas boas. Com esse mapeamento, nós, moradores, passamos a conhecer melhor o lugar onde vivemos, e quem é de fora, também. Tenho muito orgulho disso”, afirmou a estudante.

A possibilidade de incluir dados no mapa não está restrita aos cinco participantes. Interessados de qualquer parte do Brasil e do mundo, com ou sem celular equipado com GPS e conexão à internet, podem participar do Wikimapa mapeando novos locais e editando pontos já mapeados, em qualquer que seja sua vizinhança.

O download do aplicativo pode ser realizado gratuitamente pelo site do projeto (www.wikimapa.org.br), que conta, também, com uma versão para celular.

Fonte: Agência Brasil

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