Chega a dez número de mortos por chuva e deslizamentos

Corpos de três crianças são resgatados de escombros em São Paulo; Santa Catarina tem 16 mil desalojados

Os bombeiros resgataram nesta quarta-feira (9) os corpos de três crianças que estavam desaparecidas deste terça (8) devido a um deslizamento em Osasco, na Grande São Paulo. As crianças, com 2, 4 e 8 anos de idade, eram filhas de uma mulher que morreu no mesmo local.

Com isso, chega a dez o número de vítimas dos vendavais e das chuvas de segunda (7) e terça-feira (8) nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Na zona leste da capital paulista morreram mais duas crianças. Em Guaraciaba, município catarinense mais afetado pelo fenômeno, quatro mortes foram confirmadas e 89 pessoas ficaram feridas.

Segundo o último balanço da Defesa Civil Estadual de Santa Catarina, 16.055 estão desalojados em uma população de 82.608 afetados de alguma maneira pelo problema. A Secretaria Nacional de Defesa Civil, que havia liberado 10 mil cestas básicas para a população local, agora auxilia no levantamento das necessidades dos moradores.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os vendavais iniciados entre a noite de segunda (7) e a madrugada de terça são bastante típicos para a época do ano. Flávio Varone, meteorologista do Inmet em Porto Alegre, aponta que o fenômeno é formado pelo desprendimento de umidade da Amazônia ao encontrar-se com frentes frias. Ainda que comum, o episódio pode ter mais frequência nesta primavera devido ao El Niño, responsável por aumentar a instabilidade nas regiões Sul e Sudeste.

O Inmet evita definir se o que ocorreu no extremo oeste de Santa Catarina foi um tornado, já que depende de fotos, vídeos ou mesmo de um estudo aprofundado dos estragos para assegurar a hipótese, mas admite que essa é a maior probabilidade.

São Paulo registrou ao longo da terça-feira dezenas de pontos de alagamento, que foram agravados pelo lixo acumulado em algumas vias da cidade. Recentemente, a prefeitura da capital paulista cortou em 20% a verba disponível para varrição de ruas, gerando desemprego e acúmulo de restos nas ruas e avenidas. Na zona norte, uma favela foi invadida pelo lixo assim que o córrego adjacente começou a subir. Os moradores, revoltados, recolheram o entulho e jogaram na Marginal Tietê, uma das principais vias de ligação da cidade.

A comunicação entre os moradores da cidade foi afetada por um novo problema da Telefônica, agora na rede de telefonia fixa.

Em Santa Catarina, a preocupação é com a continuidade da chuva. O Major Emerson Neri Emerim, gerente da Defesa Civil Estadual de Santa Catarina, explicou à Rede Brasil Atual que a atenção está voltada para o Vale do Itajaí, onde ocorreram desmoronamentos em 2008. “Toda a população está em alerta para que, a qualquer indício de escorregamento, deixem suas residências”, alerta.

O Major Emerim explica que a região ainda estava sendo reconstruída e os trabalhos que deveriam prevenir novas tragédias não haviam sido iniciados.

O Rio Grande do Sul teve os problemas mais graves na segunda-feira, quando, de acordo com dados da Defesa Civil Estadual, foram registrados ventos de mais de 100 quilômetros por hora. Os municípios de Itaara, Victor Graeff e São Gabriel foram os mais afetados, com 1.300 residências destelhadas ou danificadas. O estado vai receber 10 mil cestas básicas do governo federal.

No Paraná, os vendavais iniciados na noite de segunda-feira afetaram praticamente todo o estado, com 39 cidades registrando ocorrências relacionadas ao fenômeno. No município Primeiro de Maio, 14 pessoas ficaram feridas e três delas foram transferidas para hospitais de Londrina em estado grave.

Atualizado às 17h27 de quarta-feira (9).

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