Brasil tem 13 setores em lista de trabalho infantil, dizem EUA

Relatório do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos aponta prática em 58 países. No Brasil, pecuária, carvão vegetal, cana-de-açúcar e tabaco estão entre os incluídos

Imagem de campanha da Unicef contra o trabalho infantil. Governo dos EUA não impede imoprtação de produtos listados (Foto: Reprodução/Unicef)

O escritório de assuntos internacionais do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou na quinta-feira (10) uma lista de 122 produtos feitos em 58 países com presença significativa de trabalho infantil e forçado. O foco é principalmente o emprego de crianças do que de escravo, baseado nas definições da Organização Internacional do Trabalho, explica Leonardo Sakamoto em seu blog.

O Brasil possui, segundo o documento, 13 setores incluídos na lista. Carvão vegetal e criação de gado utiliza ambas as formas de mão-de-obra analisadas. O trabalho infantil ocorre na produção de tijolos, cerâmica, algodão, calçados, mandioca, abacaxi, arroz, sisal e tabaco, enquanto o trabalho forçado está na cana-de-açúcar e madeira.

O relatório indica indicência significativa desse tipo de violação de direitos assegurados em acordos internacionais. O objetivo seria aumentar a consciência mundial sobre o combate às práticas. “Mas, vale lembrar que eles possuem legislação que impede a importação de produtos com trabalho infantil e escravo”, aponta Sakamoto.

Ainda segundo o blogueiro e ativista, o texto “deixou de fora o setor de serviços e bens produzidos nos Estados Unidos (ou seja, nada sobre a produção de milho ou tomate com mão-de-obra forçada de imigrantes ou o trabalho infantil em plantações de blueberry) e não identifica o nome de empresas envolvidas na produção dos itens listados”. 

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O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, declarou que não reconhece legitimidade do relatório e rejeitou a possibilidade de uso das informações com fins protecionistas.

Segundo o governo dos EUA, o objetivo da lista é aumentar a consciência para promover esforços e eliminar essas práticas.  Pelo o que pude apurar, as repercussões (de cunho protecionista ou não) podem ser maiores para os setores que estão listados com ocorrência de trabalho infantil. O relatório cita o Brasil como exemplo de ataque aos problemas em várias frentes.

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