“Nelson Jobim não é confiável”, diz Cecília Coimbra

A presidente do grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro afirmou ainda que as buscas no Araguaia são uma “mis en scène midiática”

(Arte: Júlia Lima)

A presidente do grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, Cecília Coimbra, afirmou à Rede Brasil Atual que as buscas do Grupo de Trabalho criado pelo Ministério da Defesa para coordenar a localização, recolhimento e identificação dos corpos dos guerrilheiros e militares mortos na Guerrilha do Araguaia  é “mis en scène midiática” e criticou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, por conta de sua postura. 

“Estamos achando que isso [buscas no Araguaia] é para não encontrar nada”, afirmou.

A criação da operação para localizar mortos da Guerrilha do Araguaia atende a uma determinação judicial para que o Estado brasileiro dê respostas sobre o assunto. 

A sentença da Justiça Federal determinou a quebra do sigilo das informações militares sobre todas as operações de combate aos guerrilheiros e que a União informe onde estão sepultados os mortos no episódio. 

O trabalho vem sendo coordenado pelo Ministério da Defesa com o apoio técnico do Exército. A posição de Jobim de não admitir a presença de familiares no grupo de trabalho contrariou os parentes de guerrilheiros que dizem não haver transparência nos trabalhos. Jobim justificou que os familiares não poderiam ser admitidos no grupo porque são parte do processo e, portanto, não devem participar da execução da sentença.

“Nós desaprovamos as práticas que o ministro da defesa tem tido, por isso não o achamos confiável. A gente acha estranho e lamenta profundamente que ele esteja tão próximo dos militares como parece estar”, afirmou.

A operação de buscas que está na última etapa e, segundo o Ministério da Defesa, até o momento nada foi encontrado em quatro dos dez locais previamente escolhidos para escavações.