Enchente em Manaus começa a avançar para o centro

Nível do Rio Negro sobe mais dois centímetros e deve chegar nesta quarta ao patamar mais alto da história

A cheia do Rio Negro provoca uma situação que há décadas não era registrada em Manaus. “Empurrado” pelo Solimões, o rio provoca o represamento dos 148 igarapés existentes na cidade e alaga toda a Zona Sul. Nesta terça-feira (23), o nível do Negro chegou a 26,67 metros, apenas dois centímetros a menos que o maior patamar da história, registrado em 1953. Caso o ritmo atual seja mantido, a marca será atingida nesta quarta (24). Um posto de fornecimento de alimentos foi invadido pela água, que fecha parte da Avenida Eduardo Ribeiro, na região central.

Mais cinco famílias recorreram a abrigos públicos, chegando a um total de 34. Ao todo, são 16.600 pessoas afetadas pelo problema, mas a maioria consegue ficar na própria casa graças à construção de marombas, um “piso falso” de madeira que possibilita subir o nível do chão de acordo com a necessidade. Além disso, conforme noticiado pela Rede Brasil Atual, a Defesa Civil municipal aponta que muitas pessoas hesitam em deixarem suas casas com medo de perderem o benefício de um programa de moradia do governo do Amazonas.

A Secretaria Municipal de Saúde de Manaus iniciou uma operação para prevenir a ocorrência de doenças que possam ser transmitidas pela água, como a leptospirose. Entre outras coisas, a ação prevê a desratização de casas e a conversa com os moradores dos bairros alagados para explicar os riscos da exposição às enchentes.
Normalmente, os bairros cortados por igarapés já têm um grande acúmulo de lixo, e este é um grave problema, aponta à reportagem o secretário de Saúde, Francisco Deodato. Ele destaca que mais de duas mil toneladas de dejetos foram retiradas, mas que a quantidade total é muito maior.

Segundo Deodato, essas comunidades já registram um alto índice de doenças que provocam diarreia e alergias de diversos tipos. “Ainda assim, o número de ocorrências na área está aumentando muito porque se trata de um fato absolutamente novo no cotidiano das pessoas. Todos os anos temos enchente, mas nunca nesse nível”, afirma.

O trabalho de construção de pontes e de distribuição de kits para a confecção das marombas, que até agora era realizado pela Defesa Civil municipal, agora passa para a responsabilidade de uma empresa privada. Com isso, a prefeitura espera liberar agentes para o trabalho social, como a distribuição de alimentos e de roupas.