Em greve, professores e alunos da USP criticam arbitrariedade

Ainda sem conseguir avançar na negociação, paralisação dos funcionários chega ao 36º dia. Ocupação da PM acelerou adesão dos outros segmentos e já alcança outras universidades estaduais

Com apoio de estudantes e professores, a greve dos funcionários da Universidade de São Paulo chega ao 36º dia e já conta com adesão de outras universidades estaduais. Cansados de tentar uma negociação, funcionários da Universidade de São Paulo cruzaram os braços em 5 de maio para exigir aumento real de salário e aumento do vale-refeição. O movimento também reivindicava o fim dos processos administrativos impetrados pela reitoria contra sindicalistas que apoiaram greves passadas.

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>> É mais uma escalada repressiva do governo Serra e da reitoria”, acusa estudante da USP
>> “A paralisação foi consequência dessa absurda repressão”, diz professora da USP

Para impedir manifestações e piquetes, a reitora da universidade convocou a tropa de choque, que desde primeiro de junho ocupa a frente do prédio da reitoria. A presença de policiais armados com metralhadoras e granadas chamou a atenção de todo o Brasil e mobilizou a universidade.

Segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Aníbal Cavali, a greve dos funcionários da Universidade de São Paulo completa hoje 36 dias com um incidente que mais uma vez chama a atenção do país. “Deduziram que isso poderia criar um refluxo no nosso movimento, mas ele não se deu e ainda jogou os outro sdois segmentos na greve. Foi uma atitude totalmente autoritária e, pode-se, dizer muito mal pensada”, avalia. Segundo Casoni, os estudantes que construíam o movimento de greve, decidiram aderir. Os docentes fizeram uma assembleia extraordinária e anteciparam a opção.

Perseguição

Em 2007, uma ocupação da reitoria por alunos terminou em pancadaria, após a mesma reitora, Suely Vilela, convocar a polícia no campus. O representante do diretório acadêmico da USP, Gabriel Casoni, denuncia que, desde aquela data, alunos e funcionários são perseguidos na universidade.

“É mais uma escalada repressiva do governo Serra e da reitoria contra o movimento de defesa da universidade pública, dos servidores e dos estudantes. Isso se iniciou em 2007 com ameaças da Tropa de Choques e vem avançando com demissões, perseguição e processos administrativos contra estudantes”, denuncia. Ele promete manter os atos e protestos de estudantes no campus. “Não é nossa política entrar em confronto com a polícia, queremos somente o direito de manifestar livremente nossas opiniões e nossas posições”, completa.

Segundo o diretório acadêmico da USP, estudantes e uma parte dos professores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) também aderiram à greve.

Nem no AI-5

Temendo outros confrontos com a polícia, a socióloga e professora da USP, Maria Vitória Benevides, condenou a ocupação da PM. “Eu já estava aqui na Universidade de São Paulo durante o período do [Ato Institucional] AI-5 e realmente não vi polícia armada no campus”, lembra. Ela classifica como absolutamente lamentável o episódio, que motivou os docentes a aderir à greve. Até então, eles apenas se manifestavam solidariamente às reivindicações dos funcionários. “A paralisação foi consequência dessa absurda repressão”, condena.

Nesta terça-feira (9), um ato unificado entre professores, alunos e funcionários das três universidades paulistas está marcado em frente à reitoria, às 12h.

O movimento de greve espera reunir mais de 5 mil pessoas de todo o estado, a fim de exigir a retirada da tropa de choque da PM e a retomada das negociações salariais.

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