Livro com palavrões mostra centralismo do governo paulista

Presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, acusa o governo de não consultar nem dar autonomia aos professores para escolha de livros didáticos

Conteúdo sexista e preconceituoso no material preparado para alunos de 9 anos da rede estadual de ensino (Reprodução)

O centralismo de José Serra tem sido alvo das críticas do funcionalismo desde o início de sua gestão no governo de São Paulo, em 2006. Este seria um dos motivos que levou a Secretaria de Estado da Educação a comprar da editora Via Lettera o livro Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol a alunos da 3ª série do ensino fundamental. Expressões com conteúdo sexual e palavrões constam do material paradidático, considerado por pedagogos como totalmente inadequado para as crianças, na faixa etária de nove anos.

Segundo a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, a Bebel, o que gera esse tipo de problema é a ausência da autonomia pedagógica e da liberdade de cátedra da categoria. “Se tivéssemos uma autonomia pedagógica, com certeza os professores poderiam ter escolhido o material didático-pedagógico e esses erros não estariam acontecendo. Só que esse governo ignora o funcionalismo”, afirmou. Ela defende que os docentes poderiam ter um “menu” de opções para escolher, o que represaria o uso de uma obra como esta.

Foram distribuídos 1.216 exemplares do livro, com expressões como “chupa rola”, “cu”, “chupava elas todinha”, “porra” “puta que p…”, “bando de nego…”, “as bunda das mina”. São 11 histórias em quadrinhos, feitas por diferentes artistas com temas relacionados a futebol.

“Há uma inadequação desse material”, continua Bebel. “[Isso] sem querer dar um tom moralista, porque sou inteiramente favorável que se trabalhe a questão da orientação sexual nas escolas, mas não desta forma, que não é boa para uma criança em fase formação”, avalia Bebel.

Além do conteúdo preconceituoso e sexista, o livro faz menção ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e, para a representante dos trabalhadores, não há necessidade de colocar esse tema para os pequenos. Sobre os palavrões, Bebel avalia que mesmo fazendo parte do cotidiano de algumas crianças, os termos não podem ser reforçados pelos professores.

Em nota oficial, a Secretaria de Estado da Educação afirmou que determinou o recolhimento imediato da publicação assim que a falha foi apontada pelos coordenadores pedagógicos do programa “Ler e Escrever” quando receberam os primeiros exemplares do livro, na última sexta-feira (15). A nota afirma que foi instaurada sindicância para apurar as responsabilidades no processo de seleção dos livros, que tem prazo para ser concluída em meados de junho.

 

Leia também

Últimas notícias