Diário do Bolso

A milícia é a polícia terceirizada, pô. Vamos simplificar isso daí

Dei uma entrevista para um blog do 'Estadão' e fui brilhante (como o Ustra). Coloquei o texto aqui para lembrar quando for velho

Caro Diário, dei uma entrevista muito comprida para um blog do Estadão chamado “Inconsciente Coletivo”. Só aceitei porque o cara que escreve tem nome americano. É um tal de Morris. O pai dele devia ser fã daquele lutador, o Chuck Morris. Ou era Norris? Sei lá, tanto faz!

O importante é que fui brilhante (como o Ustra). Vou colocar o texto aqui para lembrar quando for velho.

– Presidente, eu acho meio absurdo o senhor não ter participado de nenhum debate no segundo turno. Isso deveria ser proibido por lei. Só queria deixar registrado.
R: Deixe registrado também o seu nome e rg, talkei?

– O que sentiu ou pensou quando recebeu a facada?
R: O meu primeiro pensamento foi: “Ai, que dor!”. O segundo foi “Ah, que bom!”

– Se arrepende de algo? Achava que, depois da facada, pudesse ressurgir com um discurso mais brando?
R: Discurso mais brando? E eu lá tenho cara de frouxo? Se o cara vem com faca, eu vou com metralhadora (de preferência, de Israel, que tem as melhores armas do mundo, consulte nosso catálogo).

– A gente fica assustado de ver esse rodízio de gente da milícia nos tempos em que seu filho Flávio era deputado na Alerj.
R: Isso é preconceito. As pessoas precisam de polícia, não precisam? Todo mundo fala bem da terceirização, não fala? Então, a milícia é a polícia terceirizada, pô. Vamos simplificar isso daí!

– Rachadinha com a verba do gabinete é uma prática condenável ou faz parte do jogo?
R: Rachadinha eu só conheço aquela, tá me entendendo?

– Você tem armas em casa?
R: Claro que tenho. Revólver, fuzil, o escambau. Já tive até canhão. Mas me divorciei. Kkkkkk!

– Você tem um filho preferido? Por que?
R: Não tenho. Pra mim é tudo farinha do mesmo saco. Do mesmo saco, entendeu? Kkkkk! Hoje eu tô demais!

– Como Michelle tem te apoiado?
R: Ela sabe se fazer de surda como ninguém.

– Você vai comentar com sua filha mais nova sobre a “fraquejada”, quando ela crescer?
R: Não vou conversar com ela sobre essas coisas. Nem a Michelle. E nem a escola. Se tudo der certo, minha filha nunca vai saber o que é sexo.

– Saudades do Bebianno? Brigar com gente que jogava no nosso time é ruim…
R: É ruim. Ele era do meu time da pelada. Um bom médio volante. Meio violento, mas distribuía bem a bola. Mas fazer o quê? Às vezes a gente tem que achar um bode de piranha. Ou será que o certo é dizer boi expiatório? Sei lá. Tanto faz.

– Se arrepende de ter nomeado a Damares? E o Vélez? E o Ricardo Salles?
R: De jeito nenhum. São três gênios da raça! Aprendo muita coisa com eles. A fazer um currículo mais criativo, por exemplo.

– E o Ernesto Araujo?
R: Esse me ensinou que o aquecimento global é um dogma marxista. Você vai ver como esse inverno no Brasil já vai ser mais frio.

– Todo mundo tem questões emocionais. Quais são as suas?
R: Questão emocional? Tá me estranhando, rapaz?

– Quanto que o senhor recebe de aposentadoria, afinal? R: Recebi um vídeo dizendo que recebe cerca de R$ 10 mil por ter se aposentado aos 33 anos do Exército, além dos R$ 27 mil como deputado da Câmara. Você acha justo?
R: A gente não pode acreditar em todo vídeo que recebe pelo zap-zap. Hoje, por exemplo, eu recebi um que dizia que o limite de idade para aposentadoria de idade tinha que ser 51 anos para mulher e 56 para homem. E era eu mesmo que tava falando. Não dá para acreditar, né?

– A propósito, o que acha que deve ser feito com a aposentadoria dos militares, no contexto da reforma da previdência?
R: Primeiro a gente vê a Previdência dos civis. Depois a dos militares. Kkkkk! O quê? Por que que eu ri? É que me lembrei dos meus tempos de criança lá em Eldorado. Sempre que o pessoal fazia troca-troca no mato, eu falava “Primeiro dá você, depois eu”. E tinha uns que acreditavam.

– Você curte o Rodrigo Maia?
R: É meu chapa. Estamos fazendo xixi cruzado.

– O que você está gostando e o que está detestando em ser presidente?
R: O que eu mais gosto é da faixa presidencial. Em casa não tiro nem em dia de churrasco. E o que eu mais detesto é reunião. É um saco ter que escutar cada ministro falar e fingir que entendi tudo. Ainda bem que tem o celular. Aí eu dou umas tuitadas pra distrair.

– O que pretende trazer dos Estados Unidos, depois que visitar o Trump?
R: Uma selfie de nós dois para botar na cabeceira. E, se ele deixar, uma mecha do cabelo.

– O que costuma fazer nas horas vagas?
R: Não tenho horas vagas. Estou sempre no celular.

– Como o senhor se preparou para ser nosso presidente?
R: Não dizem que o Brasil é um poço sem fundo? Então, quem pode estar mais treinado que um paraquedista?

– O blog se chama Inconsciente Coletivo. Qual seria o inconsciente coletivo do brasileiro de hoje?
R: Não entendo muito dessa coisa de inconsciente coletivo, não. Meu negócio é mais o coletivo inconsciente.

– Qual é seu sonho?
R: Olha, eu prefiro o de creme. Mas o de goiabada também é bom.

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