‘Se eleito, eu vou dar uma foiçada na Funai.’ Prometi e cumpri
Pra isso, botei na presidência da Funai o Marcelo Xavier, que não é indigenista, mas delegado da Polícia Federal
Publicado 14/06/2022 - 12h25
Diário, na minha campanha eu fiz uma promessa: “Se eleito, eu vou dar uma foiçada na Funai.”.
Prometi e cumpri.
Pra isso, botei na presidência da Funai o Marcelo Xavier, que não é indigenista, mas delegado da Polícia Federal.
Ele é como se fosse um goleiro que quer tomar gol, um centroavante que chuta pra fora de propósito, um técnico que escala os piores jogadores pra perder de propósito.
Tanto é assim que agora, das 39 coordenações regionais da Funai, só duas têm servidores de carreira à frente. As outras 37 são comandadas por militares e policiais.
Mas não é porque o cara usa farda que ele é contra os índios. A prova é que três caras pediram demissão nas últimas semanas. Tudo bem, é que nem garimpo, a gente vai peneirando e quem não se encaixa cai fora.
O Jussielson Gonçalves, por exemplo, se encaixou. Ele é militar da reserva da Marinha e era o coordenador da Funai em Ribeirão Cascalheira (MT). O Jussi, que tem até uma foto bonita comigo, na frente de uma caveira, ganhou um dinheirão intermediando o arrendamento de uma reserva indígena pra pecuaristas. Só que agora em março descobriram a jogada dele, coitado.
Voltando ao Marcelo, ele joga tão contra o próprio time que pediu uma investigação da Polícia Federal contra um procurador que defendeu os direitos de indígenas.
Mas o gol contra de placa dele foi a Instrução Normativa 09.
Antes da IN 09, se tinha um imóvel privado sobreposto a uma terra indígena, prevaleciam os direitos dos índios. Mas, agora, se o processo de demarcação não foi homologado, o imóvel privado ganha. E eu não homologuei nem um centímetro de terra pros caras.
Fora isso, a Funai dificulta o trabalho dos próprios servidores de vários jeitos: não responde a requisições de viagens; diminui orçamentos; descarta relatórios. E, se mesmo assim o cara quiser trabalhar demais, a gente manda pro almoxarifado.
O tal do Bruno que sumiu esses dias, por exemplo, começou a ser posto no banco de reservas depois que uma ação coordenada por ele destruiu 60 balsas usadas por garimpeiros ilegais. Isso é coisa que se faça?!
Enfim, Diário, comigo é foice no pescoço.
Eu não tenho pena. Eu depeno!
PS: O texto de hoje foi feito com base na reportagem de Thaís Lazzeri para o The Intercept. Lá tem mais informações.