Diário do Bolso

Que fim de semana feliz! Meus três meninos me deram presentes

Como ficar de mau humor num dia desses? Teve as cem mil mortes, claro, mas não deixo essas coisinhas estragarem o meu dia

Diário, que fim de semana feliz! 

Pra começar, o pessoal daquela rede de restaurante Coco Bambu me trouxe uma refeição pra comemorar. O quê? Sei lá. A vida, eu acho. Aliás, comi tanto que pensei que ia morrer.

Depois o Palmeiras foi campeão. Ah, que alegria! Como ficar de mau humor num dia desses? Teve as cem mil mortes, claro, mas não deixo essas coisinhas estragarem o meu dia. Já se o Corinthians tivesse vencido… 

Aí, no domingo, Dia dos Pais, meus três meninos me deram presentes, cada um com uma cartinha.

O primeiro foi o Carluxo. Ele me deu uma faca falsa, daquelas que a lâmina some quando a gente espeta em alguma coisa. E o bilhetinho dizia assim:

“Seu Jair, você é um sol numa noite de estrelas açucaradas, uma lua refletida num espelho dentro de um balde de Coca-Cola. Me elegeu vereador quando eu ainda era menor de idade. E que outro pai demitiria o Bebianno por minha causa? Ele era seu amigo de ficar de cuecão na beirada da cama. Mas acabou caindo no poço das caveiras descarnadas. Ah, pai, você é um pai pra mim!” 

A segunda carta era do Dudu. E dizia assim:

“Déri, you are tudo to me. Quando eu tinha oito anos e pedi um revólver e espoleta, você disse que eu merecia mais e me deu uma Glock calibre cinquenta. Você também me deu meu primeiro emprego fantasma lá no seu gabinete. E sei que, sempre que você puder, vai dar o filé mignon pra mim, que nem quando quis me dar o cargo de embaixador. Tenquiu véri múti. Espero que você goste do meu presente.”

Ele me deu um coração feito com cápsulas de revólver. Adorei! 

O presente do Flavinho foi, claro, uma caixa de chocolate da Kopenhagen. Sabor laranja. E a cartinha dizia: 

“Pai, você me ensinou tudo o que eu sei. Tudinho, entendeu? Kkk! Você me deu meu primeiro emprego fantasma e também me deu o Queiroz, que fez um bocado de favor pra mim. Ah, e, o mais importante: mandou o Moro embora e trocou a chefia da Polícia Federal só pra me proteger. É que nem diz aquela música do Fábio Júnior: Pai, você é meu herói, meu bandido…”

Aí eu não aguentei e chorei.


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