Diário do Bolso

Tô deprimido, Diário. Acho que vou me encher de chocolate

Do jeito que meu Zero Um se complicou, não consigo inventar nada pra fazer todo mundo pensar em outra coisa

Diário do Bolso/Reprodução
Diário do Bolso/Reprodução
Esse meu garoto só abriu uma lojinha....

Diário, que momento difícil… Estou tão deprimido que me dá vontade de me encher de chocolate.

É que o assunto Flavio voltou à tona. Na verdade, está boiando na piscina.

Foram sei lá quantos mandados de busca, pegaram celulares, arrombaram a loja de chocolate do menino, um escarcéu.

Claro que demoraram mais de um ano e nesse tempo daria para apagar tudo. Mas tem coisa que não dá para apagar. Extrato de banco, por exemplo.

Bom, no fim da quarta-feira chamei o Flavinho aqui no Palácio da Alvorada. Ele chegou às 17h30 num carro oficial do Senado.

O garoto já veio choramingando.

– Pápi…

– Não tem pápi, nem mãmi. Você tem que fazer uma live e dizer que é tudo armação.

– Claro, pápi.

– Como é que você vai explicar que tira mais dinheiro da loja de chocolate do que o seu sócio?

– Vou dizer que eu levo mais cliente.

– Mas você nem aparece por lá.

– Vou dizer com um ar bem indignado, aí todo mundo acredita.

– E como é que você vai justificar o tanto de compras em dinheiro vivo na loja?

– Vou dizer que meus acusadores são uns energúmenos, porque isso é normal no comércio.

– Mas as entradas de dinheiro vivo eram nas mesmas datas do recolhimento feito pelo Queiroz. E entre 22 de novembro e 7 de dezembro de 2015, período de pagamento do 13º dos servidores da Alerj, as compras em dinheiro explodiram.

– Hum… Acho que vou dizer que os funcionários tiraram o dinheiro e foram na loja comprar chocolate.

– É melhor não falar nada, talkei?

– Talkei, pápi.

– Já tão te chamando de Willy Wonka do crime organizado.

– Poxa, não tem nada pra distrair o pessoal, pai? Cadê aquele escândalo no BNDES que você prometeu?

– A caixa preta estava vazia.

– E a surra que a Karol Eller levou?

– Parece que ela que começou a briga, estava armada e drogada.

– O Moro não pode dar um jeito?

– Desconfio que o sujeitinho está fazendo corpo mole. Adversário em 2022, sabe como é…

– Assim fica difícil. Tá me dando até uma depressão…

Aí ele tirou do bolso um chocolate, desembrulhou e mordeu.

– Quer um pedacinho, pápi?

Tirei o treco da mão dele e comi tudo de uma vez. Era daqueles com recheio de laranja.

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