Diário do Bolso

Diário, abaixo a censura! A coisa mais importante é a liberdade de expressão, pô!

Se o cara vai se expressar com a boca, com o pé ou com o revólver, fazer o quê? Problema do cara

Carlos Latuff/reprodução
Carlos Latuff/reprodução
Deputado meu amigo foi criticado porque quebrou uma placa na Câmara. No meu governo pode

Diário, abaixo a censura! A coisa mais importante é a liberdade de expressão, pô!

Por exemplo, o Coronel Tadeu quebrou um quadro na Câmara que falava que policial mata negro. É direito do Tadeu. O cara tem que poder se expressar contra aquela charge. Se ele vai se expressar com a boca ou com o pé é um problema dele. Sem falar que os policiais também tem que ter direito de se expressar em relação aos negros. Se eles só conseguem se expressar com o revólver, fazer o quê?

Outro exemplo: um deputado estadual do PSL de São Paulo quer fazer uma homenagem ao Pinochet. Qual o problema? Deixa ele, pô. É verdade que nem a direita do Chile fala no Pinochet, mas é que nem tá na Bíblia: “Um profeta não é profeta em sua própria terra”. Olha aí o Olavo pra provar isso.

Pra ter liberdade de expressão é que a Damares quer criar um canal para os alunos e pais denunciarem os professores que atentem contra a moral. A Damares é uma grande libertina. Ou será que o certo é falar “liberal”? Sei lá. O importante é que ela até vai receber a comenda Dom Helder Câmara de Direitos Humanos. Ela merece ou não merece? Merece, pô.

E religião então? Aí que a gente quer garantir a liberdade de expressão mesmo. Por exemplo, um grupo católico de direita, ligado ao “Centro Dom Bosco”, tentou impedir a celebração de uma missa africana na paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Rio de Janeiro. É claro que os católicos têm que ter o direito de impedir essa missa cheia de batuque!

O Abrão Weintraub é outro grande defensor da liberdade de expressão. Esses dias ele falou a favor da monarquia e um comunolulopetistarrepublicano respondeu assim: “se voltarmos à monarquia, certamente você será nomeado o bobo da corte”. O Weintraub deu uma retrucada de primeira: “Uma pena. Eu prefiro cuidar dos estábulos. Ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe”. Tá vendo, liberdade de expressão.

Olha, Diário, eu defendo a liberdade de expressão até nas mínimas coisas. Por exemplo, o pessoal do meu novo partido fez uma placa usando só balas de revólver. Isso expressa muita coisa. Bala também é um modo de expressão. Mas não quero falar da Mariela hoje.

O importante, Diário, é a gente expressionar todo mundo que é diferente da gente. Vamos fazer expressão no pescoço deles. Até eles sufocarem.

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