Winchester em Brasilian City

Revólver e rifle, tudo bem, eu encaro. Mas celulares são perigosos demais

No sonho louco, eu, J. Pocket Naro, Kid Dudu e Flavinho Orange perdemos a batalha. Mas não a guerra para ficar com o PSL

Diário do Bolso
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De cara troquei tiros com Bill Bivar. Acertei seu peito, mas ele tinha uma carteira cheia de moedas e as balas ficaram presas ali. Dudu acertou o Xerife no ombro, mas Waldir deu uma pirueta, inverteu o jogo e meteu uma bala em Dudu.

Diário, que sonho louco!

Sonhei que estava numa história de bang-bang.

Tudo aconteceu numa poeirenta cidade chamada Brasilian City.

O calor era tão cruel que os urubus se abanavam com folhas de cactos.

Meu nome era J. Pocket Naro. Eu era o líder de um bando, formado por Kid Dudu e Flavinho Orange, e tinha um papagaio no meu ombro que eu chamava de Pavão.

Nós entramos num bar chamado PSL Saloon. Lá dentro estava o bando inimigo. Ele era formado por Bill Bivar, pelo Xerife Waldir (que tinha sido xerife mas agora era um fora-da-lei), e pela cauguel Jô Hellmanns, que tinha esse nome porque parecia um pote de maionese.

Encarei os três e falei: “Se quiserem continuar aqui como garçons, tudo bem. Mas agora o bar é nosso.”

“Sou o gerente e jamais voltarei a servir mesas!”, disse o Xerife Waldir com hálito de uísque barato.

“Nem vem que não tem”, bradou Bill Bivar. “Eu criei esse Saloon e só saio daqui morto.”

“Essa é a ideia”, eu respondi entortando a boca.

“Boa, papi!”, disseram ao mesmo tempo meus rapazes e o papagaio Pavão.

“Eles é que vão tomar conta do PSL de agora em diante”, eu disse apontando para Kid Dudu, que lambia sua Glock, e para Flavinho, que chupava uma laranja.

“Seus kids ainda são muito kids”, falou Jô Hellmanns, sentando no balcão (que pareceu ranger de desespero).

“Não sou, não sou, não sou!”, gritou Dudu enquanto Flavinho enxugava as lágrimas em seu lenço verde e amarelo.

Diário, você sabe que eu não posso ver meus garotos tristes. Então peguei minhas duas Winchester da Taurus e comecei a disparar. Foi um Bispo Macedo que nos acuda!

De cara troquei tiros com Bill Bivar. Acertei seu peito, mas ele tinha uma carteira cheia de moedas e as balas ficaram presas ali.

Dudu acertou o Xerife no ombro, mas Waldir deu uma pirueta, inverteu o jogo e meteu uma bala em Dudu.

Bill Bivar se escondeu embaixo da mesa e alvejou Flavinho e Dudu com dois tiros, acertando-os bem no comando regional.

Todos se escondiam atrás de cadeiras e barris (o Xerife Waldir até bebeu a cerveja que vazava do buraco de um deles) e os tiros passavam raspando pelas nossas cabeças.

Disparei em Jô Hellmanns (ela é um alvo fácil), afastando-a da liderança do governo. Ela gritou de dor e me xingou de todos os nomes.

Já o Xerife Waldir me chamou de “vagabundo”. Não tenho medo de palavras. A maioria eu nem entendo. Mas aí Waldir, Jô Hellmanns e Bill Bivar sacaram seus celulares e disseram:

“Temos muita coisa gravada. Vamos te implodir!”

“Nós sabemos o que você fez no verão passado.”

“E no inverno também.”

Eu não esperava por essa arma secreta. Revólver e rifle, tudo bem, eu encaro. Mas celulares são perigosos demais. Eu e meus rapazes tivemos que nos retirar.

Perdemos a batalha, mas não a guerra.

Subimos em nossos cavalos e partimos cabisbaixos. Enquanto desaparecíamos no horizonte, o crepúsculo manchava as poças d’água de vermelho e as deixavam iguais a poças de sangue.

@diariodobolso