Áreas de proteção ao pedestre em SP são ampliadas

Orientadores agem em faixas que já são respeitadas (foto: www.preferenciaavida.com.br) O Programa de Proteção ao Pedestre de São Paulo, lançado em maio no Centro e região da Paulista, acaba de […]

Orientadores agem em faixas que já são respeitadas (foto: www.preferenciaavida.com.br)

O Programa de Proteção ao Pedestre de São Paulo, lançado em maio no Centro e região da Paulista, acaba de ser ampliado. Serão 13 novas áreas de atuação para os orientadores de tráfego da Prefeitura, localizadas em nove subprefeituras diferentes (a lista completa está no fim do post). Os corredores de ônibus também farão parte da nova área de abrangência do programa. Além disso, está previsto para agosto o início da cobrança de multas para os carros que não respeitarem a faixa.

Pouco mais de um mês depois do lançamento da campanha, ainda é difícil avaliar os resultados. A Companhia de Engenharia de Tráfego da capital (CET-SP) divulgou que, em 35 cruzamentos considerados críticos dentro da área atingida pela campanha, houve quatro atropelamentos entre 11 de maio e 11 de junho. No mesmo período do ano anterior foram 13 ocorrências. O número parece positivo, mas  presença dos orientadores de travessia – que barram a passagem dos pedestres e dos carros alternadamente – pode ter contribuído para que o número fosse baixo. Só será possível avaliar o sucesso da campanha depois que os orientadores saírem das ruas.

Na primeira fase do programa, o que mais chama atenção é a prevalência de cruzamentos com semáforos na lista de travessias monitoradas. Os cruzamentos citados pela Prefeitura na descrição do programa são todos controlados por semáforo. Daí, a questão: qual o ponto de educar os motoristas a respeitar a faixa de pedestres onde praticamente todo mundo já o faz? É provável que a presença dos orientadores tenha diminuído o número de carros que passam no farol vermelho, mas esses motoristas não ultrapassam a faixa por falta de atenção ou por desconhecimento da lei, mas sabidamente cometem uma infração de trânsito. 

A situação é completamente diferente no caso das faixas de pedestres que não têm semáforos ou que não têm semáforo para pedestres, só para carros. Elas são raras na zona central da cidade, onde começou o programa. Dos 300 cruzamentos de ruas na região, só 76 não têm tempo de travessia exclusivo para pedestres. Nesses cruzamentos, o pedestre tem mais dificuldade para completar a travessia, já que depende da diminuição no fluxo de veículos para avançar. Até agora, pelo menos, são também os que mereceram menos atenção.

Brasília

O caso mais famoso de sucesso em relação ao respeito aos pedestres no trânsito é o de Brasília. Em 1997, o então governador do Distrito Federal Cristóvão Buarque encampou uma campanha popular que pedia mais segurança no trânsito. Àquela época, Brasília ainda não tinha radares para controle de velocidade, o que causava um grande número de acidentes. A primeira providência foi a instalação dos radares. Em seguida, iniciou-se uma campanha de educação no trânsito, que envolveu escolas, a imprensa e o governo. 

“Houve um longo processo de educação. Foram seis meses até que as faixas de pedestres passassem a ser respeitadas”, afirma o agora senador Cristóvão Buarque. Não houve cobrança de multas no começo do processo. “O que aconteceu foi um acordo, uma negociação entre o governo, os motoristas e os pedestres, mas principalmente entre motoristas e pedestres. Não havia como colocar guardas em todos os cruzamentos, mas o que aconteceu foi que a punição eram os olhares dos pedestres, do carona ou mesmo dos filhos dos motoristas”, diz Buarque.

O resultado foi uma cidade que se orgulha de ser uma das únicas do país a dar passagem para os pedestres assim que eles pisam na faixa. “Quando você pergunta para os moradores do que eles se orgulham aqui, é dessa civilidade no trato com os pedestres”, afirma o senador.

Diferentemente de São Paulo, em Brasília o foco eram as faixas sem semáforo. Se os motoristas aprenderem a respeitar as faixas em que há menos perigo de uma multa, farão os mesmo com as faixas com semáforos. 

A CET-SP ainda não respondeu os questionamentos sobre o programa. As informações serão publicadas neste espaço assim que recebidas.