Exposição multimídia celebra Méliès, ‘o mágico do cinema’

Trabalho do primeiro grande realizador do cinema, Méliès, pode ser conhecido em exposição interativa em São Paulo (reprodução) Quando os irmãos franceses Louis e Auguste Lumière foram procurados, no final […]

Trabalho do primeiro grande realizador do cinema, Méliès, pode ser conhecido em exposição interativa em São Paulo (reprodução)

Quando os irmãos franceses Louis e Auguste Lumière foram procurados, no final do século 19, pelo ilusionista Georges Méliès, interessado em adquirir deles o recém inventado cinematógrafo, eles se recusaram, em princípio, a vender o invento, uma vez que não viam nele grande futuro. Mais de cem anos, depois o cinema é uma das artes de maior popularidade no mundo e Méliès é merecidamente reconhecido como o grande visionário, ao aproveitar a oportunidade para realizar experiências ousadas e inovadoras. É o que se pode conferir na ótima exposição “Georges Méliès, o Mágico do Cinema”, que está em cartaz, até 16 de setembro, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo.

De modo extremamente interativo, a exposição convida o visitante a mergulhar no universo de Georges Méliès por meio de muitos desenhos, fotografias, cartazes, figurinos, reproduções de objetos cênicos (como uma espécie de avião) e, claro, uma pequena parte dos mais de 500 filmes que realizou num espaço muito curto de tempo, de 1896 a 1912. Entre eles, estão “O Melômano” (1903), que brinca com a linguagem das pautas musicais; “O homem com cabeça de borracha” (1901), em que o realizador tem a réplica de sua cabeça posicionada em cima de uma mesa; e seu maior clássico, “Viagem à Lua”, de 1902, que pode ser visto no interior de uma réplica do foguete utilizado no filme.

Chama atenção, por exemplo, os retratos realizados por Méliès dos escritores franceses Victor Hugo e Emile Zola; a fantasia amarela do bobo da corte; os desenhos reunindo os diferentes episódios de “Fenômenos do espiritismo”, esquete criado no Teatro Robert-Houdin, em setembro de 1907; o cartaz de vários outros sainetes; o desenho do mecanismo de animação do Gigante das Neves, do filme “À conquista do Pólo”, de 1912; a bengala do mestre de cerimônias; o aero-ônibus do engenheiro Mabouloff (suspenso do teto no primeiro dos dois pisos da exposição); e os manuscritos de “A viagem através do impossível”.

O visitante também é convidado para, ao formar um grupo de oito pessoas, manipular recursos cenográficos e efeitos especiais, como o aparecimento e desaparecimento de objetos e mudanças no tamanho de elementos numa réplica de um cenário criado por Gorges Méliès, no estúdio criado e mantido por ele em Montreuil. Essa instalação, “Méliès interativa”, criada por Letícia Ramos, é uma das grandes sensações da exposição, assim como o painel em que as pessoas podem colocar a cabeça no centro de sóis.

Portanto, a exposição produzida pela Cinemateca Francesa tem o grande mérito de levar o visitante a conhecer mais a fundo o universo extremamente criativo de Georges Méliès, que, em muitos momentos, é merecedor de muitas homenagens. Não é à toa que o videoclipe “Tonight, Tonight”, dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, os mesmos realizadores de “A Pequena Miss Sunshine”, reproduzam o curta “Viagem à Lua”; e que Martin Scorsese tenha filmado o ótimo “Hugo Cabret”, indicado, nesse ano, a várias categorias do Oscar, incluindo a de melhor filme, e que conta de modo um pouco fantasioso a história do ilusionista francês, que passou os últimos anos de sua vida longe do cinema e trabalhando numa loja de brinquedos numa estação de trem em Paris, onde faleceu em 21 de janeiro de 1938.

 

Serviço
Exposição “Georges Méliès, o Mágico do Cinema” – de terça a sexta, das 12h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h. Até 16/9
Ingressos: R$ 4. Entrada gratuita às terças
Museu da Imagem e do Som (MIS) – Avenida Europa, 158. Pinheiros. São Paulo/SP
T: (11) 2117-4777

[email protected]

Leia também

Últimas notícias