Filme de Cao Hamburger retrata trabalho dos irmãos Villas Bôas

Cena de “Xingu”, novo filme de Cao Hamburguer, que estreia em circuito nacional (©divulgação) Estreia nesta sexta-feira (6) o novo longa-metragem do cineasta paulistano Cao Hamburger, “Xingu”, que retrata a […]

Cena de “Xingu”, novo filme de Cao Hamburguer, que estreia em circuito nacional (©divulgação)

Estreia nesta sexta-feira (6) o novo longa-metragem do cineasta paulistano Cao Hamburger, “Xingu”, que retrata a aventura dos irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Bôas junto aos indígenas brasileiros. Um dos grandes méritos do realizador de “O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias” é mostrar esses personagens, que andavam injustamente um pouco esquecidos na História do Brasil, com forças, fraquezas, qualidades, defeitos e muitas dúvidas e incoerências.

Os irmãos Cláudio, Orlando e Leonardo, belamente interpretados, respectivamente, por João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat, alistam-se na Expedição Roncador-Xingu, no início da década de 1940. Logo eles passam a ser os chefes da expedição, buscando encontrar novos caminhos de preservação para os indígenas da região do Xingu e evitar que eles sofram qualquer tipo de problema com os sertanistas. Isso não impede, porém, que muitos nativos sejam dizimados por uma forte gripe e que muitos deles se envolvam sexualmente com as indígenas e tenham filhos com elas, incluindo dois dos irmãos. O outro, Orlando, envolve-se com uma médica (muito bem interpretada também por Maria Flor), com quem se casa.

O grande mérito deles está em abrir pistas de pouso, sem permitir a dizimação das populações locais; e negociar com os políticos que atuavam na região a criação do Parque Indígena do Xingu, uma área de reserva indígena, visando à preservação da cultura e do modo de vida deles. Apesar de receber algumas críticas na época, o parque foi realmente criado e continua existindo até hoje.

Outra qualidade do trabalho de Cao Hamburger é ter apostado na utilização dos próprios índios da reserva que se mostrassem interessados em atuar no filme; e também numa pesquisa in loco com os personagens envolvidos na história. O resultado é bastante perceptível na tela. Essa é uma das poucas vezes em que o espectador brasileiro sente realmente penetrar naquele ambiente e não numa aldeia fictícia, construída, por exemplo, no Projac.

A produção realizada pela O2 Filmes, que tem Fernando Meirelles como um dos sócios, conta com requintes de superprodução. A fotografia de Adriano Goldman chama atenção pelo requinte e sofisticação, assim como a trilha sonora, incluindo a captação de sons ambientes e a inserção de ruídos. Porém, o essencial é que os recursos audiovisuais foram utilizados a favor da narrativa, que mostra que para a preservação dos indígenas daquela região foi necessária muita insegurança, a eterna sensação de risco e momentos tensos.

“Xingu” faz o espectador embrenhar-se na selva, sentir bastante próximo da realidade dos índios e da luta dos irmãos Villas Bôas para defender a preservação de uma área para eles. Mais do que isso, provoca a reflexão a respeito do Brasil atual e do quanto continuamos ignorando a existência dessa população no coração do país e o mal que muitos brancos continuam causando a eles, visando apenas à exploração e à obtenção de lucro fácil, em vez de lutar pela preservação da cultura nativa.

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