Wim Wenders faz sofisticado balé audiovisual em ‘Pina 3D’

Cartaz anuncia filme de Win Wenders que homenageia à coreógrafa Pina Bausch (©reprodução) James Cameron, George Lucas e Martin Scorsese já se renderam à tecnologia 3D para realizar exercícios audiovisuais. […]

Cartaz anuncia filme de Win Wenders que homenageia à coreógrafa Pina Bausch (©reprodução)

James Cameron, George Lucas e Martin Scorsese já se renderam à tecnologia 3D para realizar exercícios audiovisuais. Poucos obtiveram, no entanto, resultado tão surpreendente quanto Wim Wenders, o cineasta alemão famoso por obras-primas como “Paris, Texas (1984), “Asas do Desejo” (1987) e “Buena Vista Social Club” (1999).

Nessa sexta-feira (23), estreia, com bastante atraso nos cinemas brasileiros, o longa-metragem “Pina-3D”, realizado em homenagem à coreógrafa alemã Pina Bausch, que faleceu em 2009. A obra é estrelada pela sua consagrada companhia de dança.

Outro ponto em comum entre Scorsese e Wenders está no fato de que, nas últimas décadas, os dois cineastas fizeram questão de registrar na tela a paixão que nutrem pela música. O primeiro partiu para documentar astros do rock, como Bob Dylan, Rolling Stones e George Harrison. Wenders, junto com o guitarrista norte-americano Ry Cooder, filmou antigos e esquecidos músicos cubanos.

Agora, o alemão transforma em imagens as coreografias premiadíssimas de sua conterrânea, Philippine Bausch, que nasceu em Solingen, em 27 de julho de 1940 e, durante muitos anos, dirigiu a companhia Tanztheater Wippertal Pina Bausch, em Wuppertal, até falecer, vítima de um câncer.

Em 106 minutos, Wim Wenders se vale de depoimentos dos dançarinos, que demonstram que a artista misturava candura com severidade e rigor, sempre falando muito pouco. Eles prestam homenagem à coreógrafa, que faleceu quando as filmagens já haviam se iniciado, em seus próprios idiomas, mostrando o multiculturalismo presente na companhia, muito antes dessa expressão se tornar moda. Chama atenção aqui o fato de que todos tem o rosto focalizado no momento em que não dizem nada, com as falas sobrepostas às imagens, como se refletissem o pensamento de cada um deles.

Em seguida, os dançarinos aparecem utilizando a linguagem universal com a qual mais sabem se expressar – a dança –, nos números dos espetáculos “Café Müller”, “Le Sacre Du Printemps” e “Vollmond”. Por meio dos recursos da tecnologia 3D, tratados com delicadeza, o espectador “mergulha” em cada um dos movimentos dos corpos, que ora aparecem sozinhos na tela, demonstrando toda a versatilidade de, entre outros, Malou Airaudo, Ruth Amarante, Jorge Puerta, Rainer Behr, Andrey Berezin e Damiano Ottavio Biggi; e ora misturados a vários outros corpos. Chama atenção, por exemplo, um número que jovens dançarinos aparecem intercalados com os veteranos.

“Pina 3D” é capaz de encantar os espectadores, demonstrando o alcance universal da dança, antes restrita aos mais importantes palcos do mundo e que agora, graças à tecnologia 3D, chega com todo seu requinte e sofisticação aos cinemas.

Será difícil sair do cinema sem carregar consigo o lema de Pina Bausch, tão recorrente no filme: “Dance, dance – senão, estamos perdidos”. Para o público brasileiro, há ainda duas estupendas surpresas. Um número de dança baseado na canção “O Leãozinho”, de Caetano Veloso. E a presença da deslumbrante dançarina brasileira Regina Advento, que, desde 1995, participa de todas as grandes produções da companhia de Pina Bausch.

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