Madonna acerta na direção de filme sobre o ‘romance do século’

Cena do filme de Madonna, W.E. O Romance do Século, que estreia em circuito nacional (©Divulgação) Ao ser exibido no Festival de Veneza, na Itália, em setembro de 2011, “W.E. […]

Cena do filme de Madonna, W.E. O Romance do Século, que estreia em circuito nacional (©Divulgação)

Ao ser exibido no Festival de Veneza, na Itália, em setembro de 2011, “W.E. – O Romance do Século” dividiu opiniões e não escapou das vaias. Esse é o segundo longa-metragem dirigido pela pop star Madonna (ela havia realizado “Sujos e Sábios”, em 2008), que chega aos cinemas brasileiros, amanhã (9).

Indicado ao Oscar de melhor figurino (perdeu para “O Artista”), o filme entrelaça a história de duas mulheres de diferentes épocas do século 20 para retratar a opressão a que foram submetidas e a força que demonstraram em momentos-chave de suas vidas.

Numa interpretação convincente da linda Abbie Cornish, Wally Winthrop sofre nas mãos do marido, que a maltrata a ponto de lhe fazer perder um bebê, e a trai sem dar maiores explicações. Ano é 1998. Ela busca refúgio na famosa casa de leilões Sotheby’s, onde serão vendidos os artigos pertencentes à norte-americana Wallis Simpson e ao rei inglês Edward VIII, que, em 1936, protagonizaram aquele que ficou conhecido como o romance do século. Afinal, ele abdica do trono e parte para Paris a fim de viver sua história de amor.

Adotando um tom feminista, Wally assume a função de tentar provar que, se a história sempre destacara o esforço do rei em nome de seu amor, Wallis também abriu mão de muitas coisas seguras, inclusive de um casamento estável, para ficar ao lado da pessoa que a conquistou, até o final da vida. É verdade que há, no filme, uma boa dose de exageros e cenas carregadas de clichês, como, por exemplo, a relação espiritual entre as duas que as fazem ocupar o mesmo cenário e se comunicarem em carne e osso. 

Outra reclamação condizente é a de que a história se torna muitas vezes arrastada, o que muitas vezes afasta o espectador da narrativa. Outro aspecto que soa exagerado é a constante utilização de música e diálogos. São raríssimos os momentos de descanso proporcionado por um pouco mais de silêncio.

Mesmo assim, Madonna soube se cercar de ótimos profissionais – caso da premiadíssima figurinista Arianne Phillips, conhecida por ter trabalhado nos filmes “Johnny & June” e “Direito de Amar” (trabalhando com Tom Ford). Aqui, ela criou um figurino extremamente refinado e, não à toa, obteve a indicação ao Oscar. Com isso, obteve-se um filme que envolve e conquista os espectadores menos exigentes e que se mostram dispostos a se envolver com uma bela história de amor e uma narrativa bem amarrada, ao estabelecer relações entre dois diferentes tempos.

“W.E. – O Romance do Século” possui, portanto, alguns defeitos que o distanciam de ser um filme imperdível. Mesmo assim, ele é bastante agradável e ocupará espaço de destaque na produção artística de Madonna. Afinal, como sempre defendeu a crítica de arte e ativista norte-americana Susan Sontag, a popstar ocupa uma posição-chave para se refletir a respeito do feminismo desde o último quarto do século 20, seja como compositora e cantora; seja estrelando videoclipes e utilizando-os como espaço para transmissão de códigos de comportamento; seja se envolvendo em outros projetos, como o do livro “Sex”; e seja dos filmes dos quais participou, como atriz ou como diretora.

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