Oscar 2012 volta a ser ‘concorrido’ com filmes que celebram a história do cinema

Cartaz francês para promover o lançamento de “A Invenção de Hugo Cabret”, um dos candidatos ao Oscar 2012, que estreia em circuito nacional (©Divulgação) Quando já forem conhecidos os vencedores […]

Cartaz francês para promover o lançamento de “A Invenção de Hugo Cabret”, um dos candidatos ao Oscar 2012, que estreia em circuito nacional (©Divulgação)

Quando já forem conhecidos os vencedores do Oscar 2012 – na cerimônia de 26 de fevereiro, no Kodak Theatre, em Los Angeles -, teremos acabado de presenciar uma das premiações da chamada Academia mais disputadas dos últimos anos, com filmes realmente de qualidade e merecedores da indicação.

Algo extremamente relevante, depois de dois anos lastimáveis. Em 2010, “Guerra ao Terror” ganhou de “Avatar”, num ano em que até a comédia romântica de Sessão da Tarde, “Amor Sem Escalas”, foi indicado a melhor filme. E, em 2011, foi a vez de “O Discurso do Rei” bater “A Rede Social”, numa lista em que houve vaga até para “Toy Story 3” disputar melhor filme.

Dessa vez a disputa envolve pelo menos três filmes que prestam uma justa e merecida homenagem aos primórdios do cinema, direta ou indiretamente, e devem ser vistos na tela grande, ou o espectador corre sérios riscos de perder boa parte da riqueza e do magnetismo das obras. Algo que deve ser comemorado pela indústria cinematográfica e pelos exibidores, que perdem cada vez mais espaço para as exibições domésticas. Os filmes também têm em comum o fato de estarem relacionados com a França.

Dois desses filmes já são os mais fortes candidatos aos principais prêmios. Como campeão de indicações – são 11 ao todo –,“A Invenção de Hugo Cabret” é realmente encantador, ao criar um desfecho fantasioso para a história do ilusionista francês e um dos primeiros cineastas da história, Georges Méliès, famoso por “Viagem à Lua”, de 1902.

A possibilidade de ver algumas imagens de alguns filmes do realizador tal como eram exibidas na época, mas complementadas pelos recursos da tecnologia 3D transforma a película em mais uma obra-prima do diretor norte-americano Martin Scorsese, vencedor do Oscar de melhor direção por “Os Infiltrados”, de 2006.

“O Artista” é um filme do diretor e roteirista francês Michel Hazanavicius, que encanta logo nos primeiros segundos ao deixar claro que se trata de um filme mudo e em preto e branco a respeito da grande transformação vivida pelo cinema com a chegada do som, por meio da trajetória de dois atores em diferentes momentos da carreira. Ele concorre em 10 categorias e presta reverência a artistas “clássicos” como Gene Kelly, Douglas Fairbanks, Errol Flynn, Jean Harlow e Marilyn Monroe.

O terceiro filme é também uma obra-prima de outro diretor que só levou a estatueta de melhor diretor uma única vez – Woody Allen, por “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, de 1977. É verdade que “Meia-Noite em Paris” tem muito menos chance do que “A Invenção de Hugo Cabret” e “O Artista”, mas nem por isso deixa de ser um filme charmoso e cativante. Um escritor em crise vai com a esposa para Paris e, como num passe de mágica, entra numa espécie de “túnel do tempo”, na verdade uma carruagem, com a qual vai parar na capital francesa dos anos 1920, quando a cidade reunia célebres escritores, pintores e cineastas, caso do espanhol Luis Buñuel, muito bem interpretado por Adrien de Van.

Os outros sete filmes indicados também não estão na lista apenas para preencher espaço. “A Árvore da Vida”, dirigido por Terrence Malick, foi o vencedor da Palma de Ouro em Cannes, na França, ao mostrar as origens e o significado da vida por meio de uma família dos anos 1950, no Texas, nos Estados Unidos, por meio de muitas imagens surrealistas.

“Extremamente Alto e Incrivelmente Perto” é daqueles filmes para se matar de chorar no cinema, por meio da incrível história do garoto que perde o pai no atentado do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, e tenta estabelecer um contato com ele por meio de uma chave que encontra entre seus pertences. A direção é do inglês Stephen Daldry, de “Billy Eliot” e “As Outras”.

“Histórias Cruzadas”, de Tate Taylor, tem uma temática “edificante “, bem como o Oscar adora. Na Mississipi da década de 1950, uma mulher sonha se tornar escritora e resolve pesquisar e entrevistar mulheres negras que sempre se dedicaram às “famílias do sul”. A iniciativa, porém, provoca a revolta de muitos moradores brancos.

Steven Spielberg também não foi lá muito original quando resolveu contar a história de amizade entre um homem e um animal, no caso um cavalo, mas “Cavalo de Guerra” é um filme bastante agradável. O mesmo pode ser dito com relação a “O Homem Que Mudou o Jogo”, estrelado por Brad Pitt, que mostra mais uma pessoa que conseguiu ser muito bem sucedida no esporte, no caso o beisebol. A modalidade, porém, serve como pano de fundo para contar uma história de dedicação e superação, novamente bastante ao gosto da Academia.

Por fim, “Os Descendentes”, estrelado por George Clooney – outra estrela bastante querida dos membros do júri –, marca a volta de Alexander Payne (de Sideways e As Confissões de Schmidt) à direção por meio de uma comédia em que um pai tenta se reaproximar das duas filhas, após elas perderem a mãe.

Portanto, o Oscar 2012, além de estar bastante disputado, marca a volta do cinema à sua essência, que é apresentar grandes narrativas e, por meio da metalinguagem, homenagear sua própria história. Basta lembrar que Michelle Williams também concorre ao prêmio de melhor atriz, ao interpretar Marilyn Monroe, em “Sete Dias com Marilyn”.

Porém, nessa categoria parece muito difícil alguém bater Meryl Streep, que deu vida à primeira ministra britânica dos anos 1980, Margareth Tatcher, em “A Dama de Ferro”, mesmo concorrendo com feras como Glenn Close e Viola Davis.

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