A diva Mariana Aydar chega quase perfeita ao quarto álbum

Capa do novo CD de Mariana Aydar, Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo (Reprodução) Não é de hoje que a cantora paulistana Mariana Aydar é um dos maiores talentos da música […]

Capa do novo CD de Mariana Aydar, Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo (Reprodução)

Não é de hoje que a cantora paulistana Mariana Aydar é um dos maiores talentos da música brasileira, sem fazer grandes alardes em torno disso, como é bastante comum por aqui, principalmente por parte de quem nem é tão bom assim. O quarto álbum de estúdio, “Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo”, possui força e doçura exemplares, o que só confirma o nome dessa artista no panteão das nossas grandes divas.

Como grande espetáculo, o álbum começa com “A Saga do Cavaleiro”, tema instrumental bastante experimental. A primeira música cantada é a doce “Solitude”, de Kavita (codinome da própria Mariana) e Luísa Malta, pontuada pela percussão de Gustavo de Dalva (timbau, atabaques, congas, sabá, cajon e efeitos) e Duani Martins (baterias, atabaque, sorongo drums, alfaia água, guitarra, baixo e coro), da banda Los Caballeros, que acompanha a artista em todas as faixas. “Na história desse rio, eu sou o mar / Na história desse céu, eu sou o azul / Vem que o vento não me tira do lugar / Passa nuvem, passa sol / E eu fico…”, canta Mariana.

A forte e dramática “Não Foi Em Vão”, de Thalma de Freitas, é quase um daqueles boleros rasgados, marcado pelo belíssimo acordeon de Guilherme Ribeiro. Ela abre espaço para a entusiasmante “Os Passionais”, da dupla da denominada “vanguarda paulista” Luiz Tatit e Dante Ozetti.

Desse “movimento musical” do início dos anos 1980, também fez parte o pai de Mariana Aydar, Mario Manga, da banda Premeditando o Breque. A última canção é “Vinheta da Alegria”, composta por Kavita e também bastante experimental, que termina com um som que imita uma cavalgada.

Se as canções inéditas mostram a força de Mariana Aydar, o álbum “Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo” se justifica também por pelo menos três gravações bastante pessoais e surpreendentes de grandes sucessos da música brasileira – o samba “Vai Vadiar”, de Alcino Corrêa e Monarco, consagrado por Zeca Pagodinho, que aqui se transforma quase num tango; “Nine Out Of Ten”, composta e gravada por Caetano Veloso durante o exílio em Londres; e “Galope Rasante”, de Zé Ramalho. Surpreendentes apenas para quem não conhece os trabalhos anteriores da moça e que são totalmente recomendáveis.

Há também aquelas canções para se ouvir sem parar e ficar com vontade de sair dançando e cantando pela casa. Esse é o caso da apaixonante “Preciso do Teu Sorriso”, de João Silva e Enok Virgulino, com a participação especialíssima de Dominguinhos e que já havia sido gravada pelo Trio Virgulino e pela banda Rastapé; a dançante “O Homem da Perna de Pau”, de Chico Xavier e Edson Duarte, forró originalmente gravado pelo segundo em 1976; e a épica “Cavaleiro Selvagem”, composta por Kavita e Emicida e que dá título ao álbum. Destaque também para as lindas fotos em preto e branco do livreto, assinadas por Renan Christofoletti.

Mariana Aydar se apresentou, recentemente, no palco Sunset do Rock in Rio e, no mesmo festival, cantou uma música com a banda britânica Snow Patrol. A carreira começou em 2000, quando passou a estudar canto, cello e violão, mas ganhou mais força a partir de 2004, quando morou em Paris, onde conheceu Seu Jorge, que a convidou para abrir os shows de uma turnê europeia. Em setembro de 2006, ela lançou o primeiro álbum solo, “Kavita 1”, e, desde então, não parou mais.

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