Dois bons atores em nome da amizade

Cena da peça com Fábio Espósito e Henrique Stroeter (Foto: Divulgação) A forte amizade que une Billy (Fábio Espósito) e Jesse (Henrique Stroeter) desde o berçário até os 34 anos, […]

Cena da peça com Fábio Espósito e Henrique Stroeter (Foto: Divulgação)

A forte amizade que une Billy (Fábio Espósito) e Jesse (Henrique Stroeter) desde o berçário até os 34 anos, passando pelas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980, é o mote do espetáculo “À Meia-Noite Um Solo de Sax na Minha Cabeça”, escrito e dirigido por Mário Bortolotto, que estreou nesta terça-feira (11), no Espaço dos Parlapatões em São Paulo. O espetáculo fica em cartaz até 16 de março e demonstra como uma grande amizade é capaz de vencer todas as diferenças.

Mal começa o espetáculo, num cenário praticamente vazio, exceto pela presença de dois guarda-roupas, para os atores poderem se trocar, e uma escada ao fundo, os espectadores rapidamente se envolvem com dois bebês que discutem a vida no berçário. Enquanto Billy berra por ter derrubado a chupeta e mostra como é competente em realizar piruetas típicas de uma pessoa daquela idade, Jesse reclama pela ausência de bebês do sexo feminino ali com eles. Portanto, desde o início, todos os principais elementos constituintes da personalidade de cada um dos personagens já estão claramente delineados e apresentados ao público.

Isso se deve principalmente à interpretação impecável dos dois atores. Henrique Stroeter, nome já conhecido dos Parlapatões, demonstra, nesse espetáculo, toda sua veia cômica, sem perder a ternura de um personagem que mescla um típico malandro e um jovem idealista que parte para a luta política em plena ditadura militar e efervescência dos anos 60. Ele pode ser visto também no espetáculo “Os 39 Degraus” e no programa “Vida de Estagiário”, exibido pelas TVs Cultura e Rede Brasil.

As expressões faciais e corporais de Fábio Espósito, o palhaço brasileiro do espetáculo “Quidam”, do Cirque Du Soleil, são um destaque à parte no trabalho de um ator extremamente competente, que remete a grandes nomes do humor brasileiro, caso do saudoso Zacarias, ao dar vida a um personagem que vive intensamente um grande amor, constitui com ele uma família aparentemente para sempre e manifesta todos os sonhos burgueses, a ponto de fazer campanha para um dos candidatos de direita das eleições diretas para governador do Rio de Janeiro em 1982, vencidas por Leonel Brizola.

A dupla planejava esse espetáculo há cerca de 10 anos e apresenta ao público algo totalmente amadurecido e capaz de encantar pela simplicidade e pelas lembranças comuns a maioria das pessoas na plateia. Afinal, trata-se de uma revisão histórica extremamente afetiva, o que se manifesta também pela trilha musical riquíssima, que vai de Belchior a Bob Dylan, passando por Elton John, e foi selecionada pelo próprio Mário Bortolotto. Esse aspecto é reforçado ainda pela exibição de imagens marcantes, como a da chegada do homem à Lua, de manifestantes em Paris, na França, em 1968, e da vitória da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1958 e 1970. Uma curiosidade é o trecho do videoclipe “Você Não Soube Me Amar”, da Blitz, exibido pelo “Fantástico”.

Até mesmo o riponga Festival de Águas Claras, realizado em Iacanga (SP), retratado no ano passado pela “Revista do Brasil”, é lembrado, talvez fora de cronologia, uma vez que as edições de 1983 e 1984 foram as mais fracas e de menor repercussão, num momento em que ser hippie já não fazia muito sentido. Independentemente disso, o fato é que “À Meia-Noite Um Solo de Sax na Minha Cabeça” vale a pena ser conferido, até mesmo por quem quer apenas se divertir e relaxar na noite de terça ou quarta-feira. E vale a pena esperar pelo momento tocante em que finalmente aparece o tal solo de sax do título.

Informações:

Espaço dos Parlapatões – Praça Franklin Roosevelt, 158. Centro. São Paulo/SP

Telefone: (0xx11) 32584449

Sessões terças e quartas-feiras, às 21h

Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia)

Venda pela internet: www.ingressorapido.com.br