Ariovaldo Ramos

Conseguimos! Floresta Amazônica já emite mais CO2 do que oxigênio!

É preciso transformar biomas como a Amazônia em sujeito de direitos. E tornar os crimes contra esses biomas inafiançáveis

Valter Campanato/ABR
Valter Campanato/ABR

O que parecia impossível, pronto, conseguimos! A floresta Amazônica segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), começa a emitir mais CO2 do que oxigênio! É o que mostra pesquisa publicada na quinta-feira (14) na revista britânica Nature. O artigo “Amazônia como fonte de carbono ligada ao desmatamento e mudanças climáticas” é de autoria da doutora Luciana Gatti, pesquisadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa. E também das pesquisadoras Luana Basso e Raiane Neves – todas, ligadas ao Inpe, de São José dos Campos (SP).

É assustador perceber a que nível de destruição chegamos, nesse governo. O Salles saiu, mas a antipolítica ambiental continuou tendo livre curso. E mais, sabe a articulação do que está sendo chamado de MP da grilagem que facilitará, em muito, a, hoje, ilegal apropriação de terras, e a prática de atividades como o garimpo ilegal? Pois bem, essa nova legislação degradante ainda nem entrou em vigor.

O custo para os povos originários será incalculável, para além do que já sofrem, o que já pode ser caracterizado como genocídio. Fica claro que a destruição, em curso, não terá fim, a menos que essa política seja substituída, imediatamente.

Sujeito de direitos

Volto a insistir em duas medidas. A primeira é transformar biomas em risco, como a Floresta Amazônica, em sujeitos de direitos, tal como os colombianos fizeram com o Rio Atrato, colocando sob a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) a prerrogativa de atuar em defesa destes, junto ao Judiciário. E a segunda é levar os crimes contra esses novos sujeitos de direitos à condição de inafiançáveis. E, desse modo, passíveis expropriação das terras, entre outras punições de alcance econômico e patrimonial, além de multa e prisão.

Claro que isso, para além da vitória sobre esse desgoverno, exige do Legislativo projetos de lei. Isso, entretanto, é o mínimo que se espera da bancada ambientalista.

Outrossim, os ambientalistas precisam se unir numa frente única. Não adianta a gente ficar gritando os erros, as consequências e as causas. Lembremo-nos: não se trata de compreender o desastre, mas de transformar a realidade. Não só detendo o desastre como revertendo o estado dos biomas.


Ariovaldo Ramos é coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito e apresentador do programa Daqui pra Frente, toda quarta, às 20h, na TVT

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