A "estória"

Parábola sobre um subalterno maluco reformado – Por Ariovaldo Ramos

Ele expôs os oficiais superiores à vergonha pública. Vingou-se deles transformando-os em meros covardes a serviço de sua insanidade

Deixe-me propor-lhe uma parábola. Em um país, que já foi distinto, um oficial subalterno do exército decidiu explodir alvos civis, escolhidos por ele, como forma de protesto. Ele deveria ter sido despojado e preso como assassino, mas conseguiu convencer seus superiores de que era maluco e foi, compulsoriamente, reformado, claro, com um posto mais elevado. Saiu consumido pelo ódio, dizendo que seus superiores, que num tempo haviam sequestrado o país e se tornado ditadores nefastos, não passavam de um bando de frouxos, e que deveriam ter torturado e matado muito mais, e elegeu como seu herói um torturador abjeto.

Com esse discurso, o ex-oficial subalterno tornou-se político federal nesse país por quase trinta anos, período em que não fez nada, mas aprontou de tudo. Contra todas as expectativas, ele se tornou presidente dessa nação; se aproveitou do estado de exceção que em seu país voltou a se instalar, por causa de um golpe de Estado. E isso num pleito marcado  pela prisão política do principal líder popular, com chances reais de ser sufragado, levado a efeito por um juiz ladrão, numa operação judicial de destruição do país. Em um pleito confuso e contaminado por mentiras, o ex-oficial subalterno foi tornado Presidente dessa República, outrora distinta.

Na verdade, a chamada elite econômica e religiosa dessa nação era sórdida, cruel, escravista, retrógrada e subdesenvolvida, que a época distinta da nação não conseguiu converter – lá no fundo, mal disfarçadamente, era como esse oficial subalterno, agora Presidente. Ele foi levado ao posto máximo sem responder, de forma decente e lúcida, a nenhuma pergunta. Inclusive, forjou um atentado contra a sua vida para não participar de debates entre candidatos.


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Assumiu o inesperado cargo, celebrado por essa “elite” de assassinos que contava, também, com intelectuais, inclusive um que governou essa nação e praticou crueldades em nome dessa “elite”, e mais, exceto por dois partidos, tidos como esquerda, foi festejado por todos os partidos políticos. Essa escória da sociedade humana cooptou a classe média e atropelou os empobrecidos.

Tão logo tomou posse, começou uma devassa, acabou com direitos dos trabalhadores, precarizou o emprego e começou a destruir a soberania e a economia, causando desemprego e empobrecimento. E destruindo, inclusive, aquela classe média que cooptara.

Não bastasse isso, numa crise sanitária mundial, uma epidemia, condenou o povo do país à morte! Uma das marcas de seu desgoverno foi passar a tratar as forças militares do país como se fossem seus jagunços, expondo os oficiais superiores à vergonha pública e usando-os, claro, com polpudas remunerações, como se fossem fetiches de um prazer mórbido, até levá-los a destruir o seu código disciplinar. Vingou-se deles transformando-os em meros covardes a serviço de sua insanidade.

Fim da parábola. O resto é realidade.


Ariovaldo Ramos é coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito e apresentador do programa Daqui pra Frente, às quartas-feiras, na TVT

Confira o Daqui pra Frente desta quarta (9), às 20h


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