Vacina salva

Abuso de missionários entre povos indígenas desvirtua importância da vacina

A desnecessária incursão de igrejas de diversas denominações em territórios, povoados e aldeias indígenas é uma violência

Marcos Fabricio/Prefeitura de Maricá
Marcos Fabricio/Prefeitura de Maricá
Enquanto vacinação se torna cada dia mais urgente no país, alguns missionários mentem para indígenas sobre supostos efeitos nocivos

A vacina é o grande anseio no mundo. No Brasil não é diferente – pelo contrário, aqui é, absolutamente, premente. Pois temos poucas vacinas e nenhuma logística que se possa chamar de eficaz. Mas estamos caminhando, ainda que a passos bastante lentos. Assim, causa espanto quando uma das populações mais vulneráveis e, portanto, das mais necessitadas, começa a recusar vacinação. Ou a ser desestimulada em relação à vacinação. É o caso de alguns grupamentos indígenas no Brasil. E o pior, por motivos religiosos. Pastores e missionários evangélicos têm sido acusados de convencer os indígenas de que a vacina é perigosa.

Dizem que pode mudar o DNA ou inserir um chip de controle no vacinado. Absurdo! Não é generalizado, há movimentos como os do Conselho de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (Conplei) que têm estimulado os indígenas à vacinação. Acontece, porém, que pastores e missionários não indígenas têm sido acusados de agir contra a vacinação dos indígenas. E isso por motivos religiosos que só podem ser considerados medievais e anti-cristãos.

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Missionários?

Aliás, esse tem sido um grande problema, desde há muito: a desnecessária incursão de missionários e, pior, de igrejas locais denominacionais em territórios, povoados e aldeias indígenas. A incursão das igrejas é uma violência, entre outras questões, porque seus “missionários” não foram preparados para isso. Não têm nenhuma sensibilidade cultural, para além de serem incapazes de compreender a própria mensagem que se propõem a levar.

A incursão de missionários é absurda porque há povos indígenas que são cristãos, não precisam mais da ação missionária, e estão totalmente aptos para avaliar a fé que abraçaram, e descobrir como levar essa mensagem sem precisar abrir mão de sua identidade… E só eles o podem! Essa relação ainda existente entre os missionários e os indígenas é autoritária, desnecessária e usurpadora do maior valor da reforma protestante: a não necessidade de intermediários entre a Trindade e o fiel.

O Apóstolo Paulo nos ensinou o que chamo de Fator Paulino, uma vez nascida a Igreja o missionário se afasta, só voltando ao contato a pedido e sob extrema necessidade. Os missionários, antes os estrangeiros e agora também os brasileiros, continuam marcados pelo seu pior defeito, a incapacidade de separar o anúncio do Cristo da mera colonização e, agora, aliado ao negacionismo e à anti-ciência. É abusivo e criminoso!


As pessoas podem ser enganadas em nome de Deus?

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