O que fica ou ficará?

O país foi sequestrado. E um confronto pode estar a caminho. Por Ariovaldo Ramos

Será que estamos numa terra que nunca conhecemos, que mentimos para nós mesmos e sempre fomos um povo ávido pelo mal, capaz de invadir hospital?

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Um dia depois de Bolsonaro dizer a seguidores invadir hospitais, vereadores tentam invadir unidade de campanha em Fortaleza

O que se pode dizer de um presidente que sugere ao povo invadir os hospitais e as UTIs? Que não é possível confiar nos dados que vêm dos hospitais, dos profissionais da saúde e dos governos dos estados?

Que dizer de quem emite Medida Provisória que tira a autonomia da comunidade docente e discente de escolher as respectivas reitorias de suas universidades? O pretexto: contaminação “ideológica” – num ambiente que existe para ensinar a ter ideias e para fomentar o debate de idéias.

Como considerar alguém que se aproveita de um flagelo para criar uma armadilha que joga sobre os governadores a responsabilidade pela hecatombe econômica, sugerindo que se as pessoas tivessem sido entregues à inexorabilidade da morte a economia estaria saudável?

E com apoio da “elite”!

E assim caminhamos nesse país…

Me lembra a fala do profeta, diante da catástrofe: “Até quando?”

O monstro acordou?

Fica, cada vez mais, a impressão de que o país foi sequestrado, de que estamos em alguma terra que nunca conhecemos, ou a percepção de que mentimos para nós mesmos por décadas, que sempre fomos esse povo ávido pelo mal, capaz de invadir hospitais!

Fica a sensação de que o presidente acordou um povo que a gente jamais admitiu que houvesse no nosso meio. Afinal, aqui era o lugar onde tudo virava festa!

Fica o escândalo diante da compreensão da natureza da nossa “elite”. Que envenena a comida, destrói os biomas. Que esperou, nos porões da barbárie, até destruir os direitos dos trabalhadores. Numa urdidura maligna para a volta da escravização, por meio do estabelecimento de regime análogo à escravização.

A periferia foi para a rua, usando outros meios de representatividade, mais populares, mais presentes nas conversas do dia a dia. É como se esse segmento que sempre deixou a questão da representatividade política para a lógica da burgeoisie começasse a chamar seus padrões de representatividade para rivalizar com aqueles… um confronto pode estar a caminho.


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