Plano Indústria

Concepção industrial que queremos e a que não queremos

Uma empresa como a Vale não pode estar mais preocupada com os lucros de seus acionistas do que com centenas de vidas que se perdem a cada crime ambiental, como o ocorrido em Minas Gerais

Ricardo Stuckert

Imagem do Brasil já desgastada internacionalmente com a crise política se deteriorou mais com o crime ambiental e humano cometido pela Vale em Brumadinho, Minas Gerais

Após a tragédia que se abateu sobre os trabalhadores na Vale e os moradores de Brumadinho, algumas reflexões sobre o papel da indústria no Brasil precisam ser feitas. Não podemos e não queremos mais conviver com episódios como esse.

Uma empresa, como a Vale não pode estar mais preocupada com os lucros de seus acionistas do que com centenas de vidas que se perderam.

Definitivamente, não é esse tipo de indústria que o TID-Brasil defende.

A proposta do TID-Brasil e do Macrossetor da Indústria da CUT para o setor industrial brasileiro pode ser conhecida no Plano Indústria 10+: Desenvolvimento Produtivo e Tecnológico, documento elaborado pelas subseções do Dieese na CUT Nacional, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT) e Confederação Nacional dos Químicos (CNQ-CUT), assessoria técnica do Instituto, além da colaboração de professores da Escola Politécnica da USP, Universidade Federal do ABC e Universidade de São Caetano do Sula.

Entre as diretrizes do Plano, um item trata exclusivamente da responsabilidade das indústrias na preservação do meio ambiente, segue:

  • Política industrial alinhada com a preservação do meio ambiente: estimular o surgimento de novos negócios e produtos voltados para o desenvolvimento de soluções para a infraestrutura e a qualidade ambiental no País, promovendo processos produtivos e produtos ambientalmente sustentáveis; garantindo o desenvolvimento da indústria de recicláveis e de logística e manufatura reversa em escala compatível com o consumo nacional; soluções que reduzam os impactos da poluição, seja no campo ou nas grandes cidades; além de garantir o tratamento adequado aos resíduos sólidos.
  • É preciso também regular a exploração da biodiversidade e da extração mineral e vegetal, pensando no longo prazo, na transformação desses recursos naturais em nosso território procurando evitar a exportação de commodities para produzir e exportar bens finais, e garantindo uma tributação adequada dessa exploração, para promoção dos territórios.

 

A imagem do Brasil está desgastada internacionalmente com a crise política e se deteriorou ainda mais com a tragédia provocada pela Vale, mais uma vez no centro das mazelas sociais.

A sociedade se importa sim com a maneira com que as empresas obtêm seus lucros, desde que seja dentro de um comportamento ético, a relação social que têm onde estão localizadas e a responsabilidade ambiental que dedicam ao planeta.

Rafael Marques é presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil, e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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