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Explosões em Dortmund: um outro pânico é possível

Duas pessoas ficaram feridas, um policial e um jogador, Marc Bartra. Em meio ao pânico que assola as cidades europeias, a lição da torcida visitantes do Mônaco de solidariedade ao Borussia é um alento

Reprodução/Twitter

Gesto solidário da torcida do time francês contrastou com clima de intolerância que tenta se impor na Europa

Na terça-feira (11) deveria acontecer o jogo entre o Borussia-Dortmund, da cidade do mesmo nome, na Alemanha, e o Monaco, pela Liga dos Campeões da Europa. Mas por volta das 19h15, o ônibus em que os jogadores do Dortmund deixavam o hotel onde estavam concentrados foi atingido por três explosões sucessivas. 

Duas pessoas ficaram feridas: um policial que acompanhava o veículo de moto, e um jogador, Marc Bartra, de origem espanhola, que joga na defesa do Dortmund. Marc chegou a ser operado por ter o pulso fraturado, além de ferimentos provocados por estilhaços de vidro. Nada muito grave, no entanto.

O jogo foi suspenso, e transferido para esta quarta-feira (12) – o Borussia acabou derrotado em casa por 3 a 2. No local, a polícia encontrou outro artefato, que não explodiu, e uma carta, reivindicando a autoria do atentado, aparentemente em nome de Alá. Mas não deu detalhes, e segue investigando a autenticidade da mensagem.

Uma nota divulgada na internet reivindicou o atentado em nome  da extrema-esquerda, cuja veracidade também está posta em dúvida. Ontem à tarde, a polícia informou ter detido um suspeito, também sem dar detalhes.

Portanto, há mais sombras do que luzes no acontecimento, ao menos por ora.

Seja qual for a origem ou intenção, o atentado soma-se à série semelhante que vem ocorrendo em capitais ou metrópoles europeias: Paris, Madri, Londres, Berlim, Estocolmo, para citar alguns exemplos. E evidencia uma nova forma de pânico que se alastra. Um pânico disseminado, sem objeto específico, uma sensação de que qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento em qualquer lugar. Uma sensação de total insegurança que passa a acompanhar a vida cotidiana de moradores e visitantes de cidades europeias.

Um caldo de cultura perfeito para os micróbios e polvos gigantes da extrema-direita, que capitaliza o pânico disseminado, em torno de suas propostas xenófobas e paranoicas.

Nesse caso, chamou atenções a atitude dos torcedores do Monaco, no estádio. Quando foi anunciada a transferência do jogo e seu motivo, os visitantes começaram a agitar os braços e gritar o nome do time adversário: “Dortmund! Dortmund!”

Uma atitude elegante, ética e que se contrapõe àquilo que o documento da Anistia Internacional londrina chamou, muito adequadamente, de “cultura do odeie seu vizinho”.

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