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Protesto por saúde pública homenageia ‘doutor’ Sócrates em UPA

Além de ex-jogadores e dirigentes, evento no domingo (19) em Itaquera, zona leste de São Paulo, deve contar com a participação do ex-ministro Alexandre Padilha e ativistas em defesa do SUS

Arquivo/EBC

Doutor Sócrates mergulhou na luta da torcida corintiana pela democracia no Brasil em tempos de ditadura

GGN – A torcida do Corinthians vai realizar no próximo domingo (19) às 10h uma homenagem ao médico e ex-jogador Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ou simplesmente Doutor Sócrates, como ele será sempre lembrado pelos corintianos. Sócrates, falecido em dezembro de 2011, completaria 63 anos no domingo. A homenagem será na UPA 26 de Agosto, que tem esse nome em comemoração à data em que ele marcou seu primeiro gol pelo Corinthians e fica ao lado da Arena Itaquera e bem próximo ao terminal Itaquera do Metrô. Tão próximo que dá para ir andando de um para o outro. 

Sócrates Brasileiro – nós, corintianos, costumamos abolir o resto do sobrenome. Afinal, Sampaio de Souza Vieira de Oliveira é casa grande demais para o Doutor, homem que viveu e amou a senzala. O que ele era mesmo é Brasileiro. Daqueles brasileiros que chegavam a São Paulo, fugindo da fome e dos coronéis, torcendo pelos times de seus estados – Bahia, Vitória, CRB, CSA, Santa Cruz, Botafogo e Auto Esporte e por aí vai… – e acabavam virando corintianos. Até porque, um negro palmeirense que se aventurasse a ir torcer no meio da torcida do Palmeiras para ver o que lhe acontecia… Ou um nordestino ir torcer pelo São Paulo no meio da torcida são-paulina… 

Com o Sócrates aconteceu algo parecido. Ele também chegou a São Paulo torcendo por outro time. Na infância era santista, como todos os meninos que cresceram nos anos 60, vendo as maravilhosas apresentações de Pelé. Depois virou Botafogo – de Ribeirão Preto, fique claro – onde ele, meia-direita, camisa 8, conheceu Geraldão, centroavante, camisa 9, e que também se tornou ídolo no Corinthians. E aí aconteceu o Corinthians. E nós e o Doutor nos apaixonamos. 

Dizem que não queria vir, não queria largar a faculdade de medicina, o chope do Pinguim e os amigos Cachaça e Datena. Adiou o noivado por dois anos, mas bastou se conhecerem, ele e a Fiel, para se apaixonarem. E aí, que me desculpe a Katia, foi um amor arrebatador. 

O Doutor mergulhou na luta da torcida corintiana pela democracia no Brasil em tempos de ditadura. E junto com seus companheiros e alguns dirigentes, criou a Democracia Corinthiana, cujo posicionamento combinava a luta pela democracia no país com a luta pela democracia no futebol. Acabou “exilado” na Itália. Ao voltar, já aposentado para o futebol, dedicou sua vida à democratização da saúde. 

E é, de certa forma, também sobre democratização da Saúde que deve falar o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao abrir a homenagem. Padilha – corintiano – foi, também, o construtor da UPA 26 de Agosto, que passou a atender os milhões de moradores do extremo da periferia leste de São Paulo. Lá onde fica o estádio do Corinthians. 

A geriatra, professora e corintiana Celia Medina vai falar sobre a necessidade de defesa do SUS contra projetos de privatização da saúde. Walter Falceta, presidente do Coletivo da Democracia Corinthiana, editor, jornalista e especialista na história do Corinthians fará uma exposição sobre Sócrates como jogador, médico e cidadão na defesa da democracia e de um governo voltado para a população mais humilde. 

Ex-jogadores companheiros de Sócrates na Democracia Corinthiana e do time campeão de 1977, ex-dirigentes e personalidades representantes de entidades como o MST, farão uma visita à UPA e a seus pacientes; O encerramento será com uma homenagem à Gaviões da Fiel, Camisa 12 e da Pavilhão Nove, as três torcidas que estão proibidas de assistir os jogos do Corinthians desde a emboscada que levou seus torcedores à prisão, no Rio de Janeiro. ​O ato será animado pela bateria de estádio da Gaviões da Fiel.